“Dia Internacional da Minissaia” protesta contra o assédio às mulheres

A data, apoiada pela cantora Valesca Popozuda, será comemorada em 8 de março, junto com o Dia Internacional da Mulher. A minissaia, que historicamente se tornou um símbolo da liberdade e da emancipação feminina, será usada no protesto pelo direito de a mulher se vestir como quiser.

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A data, apoiada pela cantora Valesca Popozuda, será comemorada em 8 de março, junto com o Dia Internacional da Mulher. A minissaia, que historicamente se tornou um símbolo da liberdade e da emancipação feminina, será usada no protesto pelo direito de a mulher se vestir como quiser Por Maíra Streit No próximo domingo, 8 de março, será comemorado o Dia Internacional da Mulher. Mas, se depender do grupo Mulheres Rodadas, do Rio de Janeiro, será também o Dia Internacional da Minissaia. A data fictícia foi criada para protestar contra o assédio que a população feminina sofre ao usar roupas curtas. A cantora Valesca Popozuda foi uma das que endossaram o discurso e, inclusive, gravou um vídeo para ajudar a divulgar a manifestação. No posto 4 da Praia de Copacabana, na Zona Sul do Rio, homens e mulheres prometem vestir minissaias em apoio à causa. Para a jornalista Renata Rodrigues, uma das organizadoras do evento, a roupa pode, sim, ser uma ferramenta de empoderamento se for utilizada com um viés mais crítico. “A minissaia já apareceu com essa contestação. Acho que qualquer coisa retirada de seu contexto normal pode ganhar um significado político”, afirma. Ela lembra que, por uma triste coincidência, nessa mesma semana uma adolescente denunciou ter sofrido assédio sexual na cidade, quando estava dentro do ônibus a caminho da escola. O homem que sentava a seu lado teria passado a mão em suas partes íntimas, por baixo da saia do uniforme, enquanto ela dormia. O pedreiro de 54 anos foi preso em flagrante após o pai da menina ser avisado por uma mensagem de celular e ter chamado a polícia. Se condenado, o agressor pode pegar até 15 anos de prisão. As colegas da adolescente já confirmaram participação no protesto. Elas combinaram de levar cartazes e se vestir com o mesmo uniforme em solidariedade à amiga. Para Roberta, essa consciência é fundamental para que uma nova geração de mulheres já cresça sabendo reivindicar seus direitos e que a vestimenta deixe de ser pretexto para eventuais abusadores. “Muitos homens acham que a roupa A, B ou C é um convite para você ser assediada. Toda mulher sabe que sair de casa de manhã com uma roupa decotada, mais justa ou curta vai determinar o que ela vai ouvir nas ruas”, destaca. Mulheres Rodadas [caption id="attachment_60223" align="alignright" width="261"]rodadas_cortado Bloco denuncia comportamentos machistas da sociedade (Foto: Divulgação/Facebook)[/caption] Há menos de um mês, o bloco de carnaval Mulheres Rodadas reuniu cerca de duas mil pessoas com o objetivo de satirizar os comportamentos machistas da sociedade. Embora o “Dia Internacional da Minissaia” tenha um perfil ainda mais contestatório, o evento deve contar com opções de diversão e uma DJ foi convidada para tocar músicas relacionadas ao universo feminino. “Estamos falando do direito da mulher ser o que quiser e não sofrer preconceito em função disso. A gente resolveu seguir a trilha do escracho e mostrar o quanto isso é ridículo. Se alguém acha que ser rodada é demérito, rodada para mim é a mulher que sabe o que quer, que vive, que pode até ser monogâmica, mas não interessa. Menos hipocrisia faria bem a todo mundo”, enfatiza. A história da minissaia [caption id="attachment_60221" align="alignleft" width="249"]mary quant Mary Quant: a inventora da minissaia (Foto: Reprodução)[/caption] A minissaia já nasceu como um símbolo de liberdade e emancipação feminina. Há meio século, ela causou furor ao romper o padrão comportamental vigente, que impunha às mulheres recato, discrição e decência. A jovem inglesa Mary Quant foi considerada a inventora da peça, influenciada pelo início das lutas feministas, a arte pop e a efervescência cultural da época. A minissaia chegou a ser proibida em alguns países e gerou manifestações públicas contra e a favor desse tipo de roupa, já que o corpo feminino sempre foi tido como um ‘objeto’ a ser resguardado.   Foto de capa: Reprodução