Dilma volta a defender ajuste fiscal e diz que é injusto "tratar Levy como Judas"

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, presidenta falou ainda sobre terceirização, redução da maioridade penal, investigações à Fifa e a suposta crise com o Congresso, que disse não existir: "O governo não está a reboque do Congresso. Pelo contrário. Temos relação independente e harmoniosa".

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Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, presidenta falou ainda sobre terceirização, redução da maioridade penal, investigações à Fifa e a suposta crise com o Congresso, que disse não existir: "O governo não está a reboque do Congresso. Pelo contrário. Temos relação independente e harmoniosa" Por Redação Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, publicada nesta segunda-feira (8), a presidenta Dilma Rousseff (PT) rebateu as críticas contra o ministro da Fazenda, Joaquim Levy.  “Eu acho injustas [as críticas a Levy] porque não é responsabilidade exclusiva dele. Não se pode fazer isso, criar um 'Judas'. Isso é mais fácil. É bem típico e uma forma errada de resolver o problema”, afirmou. Sobre o ajuste fiscal, Dilma reiterou sua importância: "tem de ser forte o suficiente para permitir que a gente volte a crescer. Não pode ser nem excessivo, nem limitado", argumentou. De acordo com ela, a retomada do crescimento, que se inicia com as políticas de austeridade, complementa-se com medidas que serão anunciadas pelo governo "até agosto", como o Programa de Investimento em Logística (PIL), o Plano Safra da Agricultura Familiar, o Programa Nacional de Exportação e o Minha Casa Minha Vida 3. A petista comentou também sobre a suposta crise entre o Executivo e o Congresso Nacional. “Vocês falam muito que a relação está difícil, mas temos tido um processo de discussão bastante efetivo e eu não diria que é tão diferente do passado. Até agora, não tivemos uma derrota do tamanho daquela da CPMF [extinta em 2007], a mais grave derrota dos últimos anos para o governo", destacou. "Se você for olhar, o Congresso, até agora, não se caracterizou por dar uma derrota ao governo. Pode pautar algumas questões que nós não concordamos. Agora, isso é da democracia." As investigações à Fifa também foram assunto. “Se tem problema na CBF, na Fifa, que comece a ser investigado. Quem tiver de ser punido, que seja. E que se coloque de forma clara que estes organismos têm de ser transparentes e prestar contas, porque mexem com volume grande de dinheiro", pontuou. Para ela, no entanto, a crise não respingará na escolha do Brasil como sede da copa de 2014. "O Brasil não é um país qualquer em matéria de futebol. Não precisamos pagar ninguém para trazer a Copa, que foi a mais lucrativa que se tem notícia (...) Mas que tem de investigar todas as decorrências e as relações entre a Fifa e todas as Copas, acho que tem. Todas, sem exceção.” A presidenta falou, ainda, sobre o projeto de lei 4330, mais conhecido como PL da terceirização, em tramitação no Senado. Ela acredita que, neste último, a aprovação demorará a acontecer. “Tem de regulamentar, mas não estou acreditando que vão votar a terceirização agora, porque no Senado não é a mesma coisa que na Câmara", assinalou. "Não sou contra a terceirização. Você tem mais de 12 milhões de trabalhadores terceirizados que precisam ter seus direitos protegidos. Porém, tem de cuidar para não acabar com a diferença entre atividade-meio e atividade-fim, porque aí você ‘pejotiza’ e informaliza o mercado de trabalho, que eu acho que é a grande característica ruim da lei.” No final da entrevista, Dilma se posicionou novamente contrária à redução da maioridade penal, objeto central do PL 171/93, que aguarda votação na Câmara dos Deputados.“Eu não sou a favor por um motivo muito simples: onde ocorreu, ficou claro que isso não resultava em proteção aos jovens", explicou. "Defendemos um projeto de lei no qual puniríamos fortemente o adulto da quadrilha que usasse criança e adolescente como escudo. E o crime hediondo praticado por menor tem de ter tratamento diferenciado. As medidas socioeducativas têm de ser prolongadas.” Para continuar lendo, clique aqui. (Foto: Roberto Stuckert Filho/PR)