Direção da Record pautou reportagem com "invasões violentas" do MTST para atacar Boulos

Fórum teve acesso à pauta da reportagem, produzida a três dias do segundo turno, que pede análise de economista para falar dos "perigos do crescimento" de movimentos de moradia, que têm ligação com o candidato do PSOL, Guilherme Boulos

A pauta e a reportagem contra o MTST que foi ao ar no Jornal da Record (Reprodução)
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Faltando três dias para as eleições municipais, a direção da TV Record encomendou aos jornalistas do Jornal da Record uma reportagem para mostrar "os perigos do crescimento" do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) em São Paulo, relembrando casos de "invasões violentas que o jornalismo da Record TV já mostrou" para atacar o crescimento do candidato do PSOL, Guilherme Boulos, historicamente ligado às lutas populares por moradia, que disputa o segundo turno das eleições à prefeitura de São Paulo contra Bruno covas (PSDB).

A Fórum teve acesso à pauta da reportagem encomendada à produção, que causou revolta entre os jornalistas do Jornal da Record.

"Vamos fazer uma matéria para mostrar como o movimento sem teto cresceu nos últimos anos. Somente aqui na capital paulista há 371 imóveis ocupados, segundo a prefeitura. Vamos falar com um economista que fará uma análise crítica sobre esses movimentos, os perigos do crescimento dele, e quais as soluções para este problema nas grandes cidades. Vamos relembrar casos de invasões violentas que o jornalismo da RecordTV já mostrou e dar os dados sobre esses problemas", diz o texto enviado aos produtores.

A proposta causou revolta até entre jornalistas mais experientes e alinhados à direita e foi ao ar sem muito destaque na edição desta quinta-feira (26).

Em cerca de 4 minutos, o repórter Fábio Meneguetti repetiu bordões encomendados pela direção da emissora, como as "invasões violentas", e relembra casos como o do desabamento de um prédio na região do Cambuci, que era ocupado por moradores de movimentos de moradia. Ao final, a apresentadora Christina Lemos diz que a emissora tentou falar com algum representante do MTST, mas que ninguém foi encontrado.