Doria anuncia chegada de 6 milhões de doses da CoronaVac e critica Bolsonaro: "Parece que torce contra"

Vacina ainda precisa passar por última fase de teste e obter autorização da Anvisa para ser aplicada

João Doria (Foto: Governo do Estado de São Paulo)
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Em coletiva de imprensa na tarde desta segunda-feira (26), o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou que 6 milhões de doses da CoronaVac, vacina contra o coronavírus produzida pela chinesa Sinovac e pelo Instituto Butantan, devem chegar ao estado até a próxima semana.

"As primeiras seis milhões de doses chegarão até segunda em voo a São Paulo. Os outros 40 milhões de doses serão produzidos a partir de insumos que ainda esperam manifestação da Anvisa, para que o Butantan possa (ter os insumos e) produzir a vacina", disse o tucano.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou, na última sexta-feira (23), a importação das doses do imunizante, que ainda precisa passar por testes finais. A vacina, portanto, só será poderá ser aplicada após a comprovação de sua eficácia e a autorização da agência.

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Apesar de ter liberado a importação das doses, a Anvisa ainda não autorizou a importação de insumos para que outras 40 milhões de doses sejam produzidas no Brasil. A expectativa é que o órgão se manifeste sobre o tema ainda esta semana.

Tema este que está no centro do embate entre Doria e o presidente Jair Bolsonaro. Na última semana, o capitão da reserva desautorizou um acordo feito pelo ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, com o governo de São Paulo, para a compra de 46 milhões de doses da CoronaVac para o uso no Sistema único de Saúde (SUS). O acordo, naturalmente, não previa a aplicação automática da vacina, sem antes ter autorização da Anvisa, mas Bolsonaro usou o argumento de que o imunizante ainda não passou por todas as fases de testes para rejeitá-lo. Além disso, chegou a afirmar que a China "não tem credibilidade" e que por isso não tomaria a vacina, ainda que comprovada sua eficácia.

Logo após anunciar a chegada das doses vindas da China, o governador de São Paulo disparou contra o presidente. "É inacreditável ter um presidente que não torça pela salvação das pessoas, pela vida das pessoas. Parece até que torce pelo contrário. Porque, se torcesse a favor, torceria por todas as vacinas que, de maneira eficaz e comprovada, puderem ser aplicadas a todos os brasileiros. É essa a visão que se esperaria de um líder no Brasil", declarou.

Quando desautorizou a compra da CoronaVac, Bolsonaro foi criticado por governadores, que estudam acionar o Congresso e tomar até mesmo medidas judiciais para garantir acesso às vacinas. Doria, por sua vez, sugeriu que o presidente receba os mandatários estaduais em uma reunião para discutir o empasse.

"Se o senhor presidente Bolsonaro falou tantas e tantas vezes que acredita no sistema federativo e quer manter o sistema federativo, convide os governadores para um encontro, cuja pauta seja exatamente a preservação da saúde e da vida dos brasileiros", disse.

"Pressa"

Na contramão do que dizem basicamente todos os cientistas e pesquisadores do planeta, o presidente Jair Bolsonaro questionou nesta segunda-feira (26), citando a Cloroquina, se não seria mais fácil e barato "investir na cura do que na vacina" do Coronavírus. Ele disse ainda não entender a "pressa" no desenvolvimento da vacina.

A Cloroquina, no entanto, não tem eficácia contra a Covid-19 comprovada cientificamente pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Bolsonaro disse que não "quer atropelar" a discussão sobre a vacina e comprar uma substância sem "comprovação" científica.

"Eu dou minha opinião pessoal: não é mais fácil e barato investir na cura do que na vacina? Ou jogar nas duas, mas também não esquecer da cura? Eu, por exemplo, sou uma testemunha [da cura]. Eu tomei a hidroxicloroquina, outros tomaram a ivermectina, outros tomaram annita e deu certo", afirmou, no Palácio da Alvorada.