É mentira: Bolsonaro diz que proporcionalmente morre mais gente por coronavírus na Argentina do que no Brasil; veja dados

Presidente também citou como exemplo a Suécia, único dos países escandinavos que não adotou o isolamento, e o que tem os piores números no enfrentamento à pandemia

Jair Bolsonaro - Foto: Isac Nóbrega/PR
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Ao insistir em seu discurso de abertura da economia e regresso à normalidade em meio à pandemia do novo coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro utilizou a Argentina como fator de comparação, sugerindo que, proporcionalmente, o país vizinho tem mais mortes por covid-19 que o Brasil.

No entanto, o argumento lançado por ele nesta quinta-feira (14) é falso! Até esta manhã, o Brasil registra 13,2 mil vítimas da infecção, segundo o observatório da Universidade Johns Hopkins, enquanto a Argentina governada pelo peronista Alberto Fernández (por quem Bolsonaro não esconde o desafeto) tem 344 mortes até agora.

Mas esses são números absolutos. Qual é a diferença em números proporcionais? Pois também é enorme. O Brasil tem uma taxa de 62,2 mortes a cada um milhão de habitantes, enquanto a Argentina tem uma taxa de 8,3 mortes por milhão de habitantes. Essa estatística permite comparar de melhor forma os efeitos da pandemia em diferentes territórios.

Ao ser questionado por jornalistas a respeito da comparação entre Brasil e Argentina, Bolsonaro reclamou dizendo que a imprensa: “está defendendo (o governo argentino), entrou para a para ideologia. Você pegou um país que está caminhando para o socialismo”.

Outro exemplo usado pelo presidente brasileiro foi a Suécia, o único dos países escandinavos quem não adotou medidas mais rígidas de isolamento para conter a pandemia. “Vamos falar da Suécia? Pronto! A Suécia não fechou”, lembrou Bolsonaro.

Porém, usando o mesmo critério de números proporcionais, a situação da Suécia é ainda pior: os nórdicos têm 346,5 mortes por milhão (3,5 mil em números absolutos). Portanto, uma situação bem pior que a da Argentina e inclusive que a do Brasil.

Outros países da região escandinava que adotaram medidas rígidas de isolamento, como Dinamarca e Islândia, são considerados alguns dos melhores exemplos mundiais no enfrentamento à pandemia, e estão prestes a considerar ao menos a primeira onda do surto como superada. Já a Suécia é apontada como o país da região com os piores resultados.