Em ato "Fora Temer", lideranças alertam para mobilizações contra cortes sociais

Caminhada em São Paulo saiu do Largo da Batata e seguiu até a residência da família Temer, no Alto de Pinheiros. Sob forte aparato policial, manifestantes pediam eleições diretas e criticavam reformas trabalhista e da previdência; assista ao vídeo.

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Caminhada em São Paulo saiu do Largo da Batata e seguiu até a residência da família Temer, no Alto de Pinheiros. Sob forte aparato policial, manifestantes pediam eleições diretas e criticavam reformas trabalhista e da previdência; assista ao vídeo Por Matheus Moreira e Victor Labaki Durante o ato que pediu a saída de Michel Temer da presidência da República nesta quinta-feira (8) em São Paulo, lideranças de movimentos sociais já alertaram para as mobilizações que vão ocorrer caso medidas como a reforma trabalhista e as mudanças na Previdência sejam aprovadas. Do alto do carro de som, Adilson Araújo, presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), fez um alerta para todas as pessoas que estavam em frente à casa de Michel Temer. "Parece que vai ficando cada vez mais claro que esse cerco que se impõe em nosso continente tem o objetivo de reeditar a extinta e derrotada agenda neoliberal dos tempos de Fernando Henrique Cardoso. Essa regra absurda que impõe o limite de 70 anos de aposentadoria para homens e mulheres", disse. O presidente da CTB ainda comentou os cortes previstos em segmentos cruciais para o país. "Por isso que nós temos o dever moral de resistir a todo custo a essa ideia de congelar os investimentos da saúde, da educação, os investimentos públicos que vão colocar o Brasil no século 17 . Nós não podemos aceitar o retorno do tempo da escravidão", completou. Em vários trechos da caminhada também foi possível ouvir o canto "eu já falei, pode esperar, mexeu com a Previdência, o bicho vai pegar". Na quarta-feira (7), a cúpula econômica do governo Temer anunciou que pretende enviar até o fim deste mês a reforma da aposentadoria para o Congresso. E foi exatamente no dia da manifestação que o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, sinalizou que o Palácio do Planalto tem a intenção de aumentar a jornada de trabalho para 12 horas diárias. A proposta de reforma trabalhista será encaminhada pelo governo ao Congresso Nacional até o fim do ano. [caption id="attachment_89870" align="aligncenter" width="827"]Manifestantes seguem pela Pedroso de Morais para a casa de Michel Temer Manifestantes seguem pela Pedroso de Morais para a casa de Michel Temer[/caption] O ato A manifestação começou por volta das 17h30, no Largo da Batata, e seguiu pelas ruas do bairro Alto de Pinheiros em direção à casa de Michel Temer, uma mansão próxima à Marginal Pinheiros, na zona oeste da cidade. O clima era de tensão. Desde a saída do metrô, os policiais revistavam quem, segundo a corporação, possuía "atitude suspeita" e que "poderia estar carregando materiais para agredir a PM". A reportagem da Revista Fórum, mesmo identificada, foi revistada na saída da estação Faria Lima, da Linha-4 Amarela. A caminhada percorreu ruas como a Pedroso de Morais e Praça Panamericana. Durante o trajeto foi possível observar alguns momentos de conflito entre manifestantes e a polícia, que cercou o ato e queria determinar a velocidade e a forma como a linha de frente estava sendo conduzida. Outros agentes caminhavam ao lado dos manifestantes com os cassetetes e sprays de pimenta em punho, mesmo sem estarem recebendo nenhuma ameaça de agressão por parte daqueles que protestavam. A polícia isolou o quarteirão onde fica a residência da família Temer e colocou a tropa de choque com o "Caveirão", blindado israelense adquirido para conter mobilizações, a postos. As lideranças fizeram falas de cima do carro de som. Quando os discursos terminaram e os ativistas começaram a se dispersar, um grupo de militantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) organizou um cordão com os braços dados e começou a fazer com que as pessoas esvaziassem o local. [caption id="attachment_89873" align="aligncenter" width="820"] Tropa de choque faz segurança da rua onde reside a família Temer[/caption] Diretas já O ato dessa quinta-feira marca o 10º dia seguido de manifestações contra o governo de Michel Temer, e uma das reinvindicações recorrentes é a convocação de novas eleições para presidente. O candidato a vereador por São Paulo, Eduardo Suplicy (PT), ressaltou a importância de uma consulta no próximo dia 2 de outubro, para que o governo saiba se a população realmente deseja a sua permanência à frente do Executivo até 2018. O governo Temer, por meio do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, já sinaliza preocupação com a chamada para as manifestações que o grito das 'Diretas Já' pode provocar. Meirelles chegou dizer que acredita ser muito improvável a convocação de novas eleições antecipadamente, mas que a crescente reivindicação pode levar às ruas manifestações contra as reformas previstas pelo governo, entre elas, a reforma trabalhista e da Previdência. Para o coordenador do MTST, Guilherme Boulos, eleição direta para presidente da República poderia ser um caminho para a democracia: “O que temos hoje é um presidente ilegítimo, sem votos; e é preciso restaurar a soberania do voto popular [...] não dá para um presidente sem voto querer governar o país”, exemplificou. 23 Confira o vídeo com a reportagem feita pela Fórum no local: