O jornal O Globo, em editorial, elogia as atitudes do governador Paulo Câmara (PSB), que exonerou o comandante da Polícia da Militar (PM) por conta da repressão violenta contra os manifestantes que protestaram contra o presidente Jair Bolsonaro no último sábado (29).
"Recife foi a única entre 21 capitais onde policiais reagiram com brutalidade diante de uma manifestação pacífica, sem nenhuma justificativa para isso. Dois atingidos pelas balas de borracha disparadas pela PM pernambucana contra os manifestantes perderam a visão num dos olhos. Uma vereadora petista foi agredida com spray de pimenta", diz o jornal.
Na sequência, o editorial também elogia a atitude da Secretaria de Segurança Pública de Goiás ao afastar policial que prendeu o professor Aquidones que se negou a retirar de seu carro uma faixa que chamava Bolsonaro de "genocida" e complementa: "Tem se multiplicado pelo país, com dedicação especial da Advocacia-Geral da União, o uso de dispositivos autoritários da Lei de Segurança Nacional para cercear o direito à livre manifestação e à expressão de opiniões políticas".
"As decisões em Pernambuco e Goiás são o recado correto a transmitir às vozes que semeiam a insubordinação e a anarquia nos quartéis policiais e militares e àqueles que tentam restabelecer o clima de repressão e vigilância dos tempos da ditadura militar", diz o Globo para, em seguida criticar diretamente o presidente Jair Bolsonaro, que atua para que o general Eduardo Pazuello não seja punido.
"Bolsonaro já deu um sem-número de provas de que não terá nenhum tipo de pudor em insuflar policiais e milicianos contra seus inimigos políticos. Não há maior evidência disso do que o desdém com que tem tratado a hierarquia militar no caso do ainda general da ativa — e ex-ministro da Saúde responsável pelo desastre na gestão da pandemia — Eduardo Pazuello, que se recusa a ir para a reserva, apesar de ter flagrantemente violado o regulamento do Exército ao participar de manifestação política ao lado do presidente no Rio de Janeiro".
Para O Globo, "Não punir um general em tal situação é um incentivo claro à insubordinação e à anarquia nos quartéis. Mas não ficou nisso. Ainda por cima, Bolsonaro cometeu a desfaçatez de trazer Pazuello de volta ao Planalto num cargo de assessoria. Não só ele não foi punido, como foi premiado".
Por fim, o editorial do jornal afirma que "s instituições precisam reagir, em nome das liberdades de expressão e manifestação e da democracia, exatamente como fizeram os governos de Pernambuco e Goiás. É preciso que as Forças Armadas — em particular, o Alto-Comando do Exército — punam Pazuello com o rigor necessário para que fique claro às tropas que elas não estão subordinadas ao projeto político de Bolsonaro".
Com informações d'O Globo.