Em meio a negociações, Justiça autoriza reintegração de posse da reitoria da USP

DCE convocou estudantes para uma assembleia na qual decidirão os rumos do movimento

Alunos da USP (Marcelo Camargo / Agência Brasil)
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DCE convocou estudantes para uma assembleia na qual decidirão os rumos do movimento Por Isadora Otoni [caption id="attachment_35654" align="alignleft" width="288"] Alunos da USP exigem democratização da universidade (Marcelo Camargo / Agência Brasil)[/caption] Após dois pedidos rejeitados pela Justiça, a reitoria da USP conseguiu garantir na segunda-feira (4) decisão que determina a imediata reintegração de posse do prédio da reitoria, ocupado pelos estudantes. O Tribunal de Justiça de São Paulo autorizou os administradores da universidade a acionarem a polícia para que a ordem seja cumprida. Para Luisa D’Avola, diretora do DCE, houve um erro de interpretação da Justiça em relação ao movimento. “Para eles, nós esgotamos as vias de negociação. No entanto, o processo de aprovação do termo de acordo já tinha sido indicado realmente demora, porque precisamos convocar assembleias com todos os alunos”, contou ela. Desde o dia 1º de outubro, alunos da USP ocupam a reitoria da Cidade Universitária, na Zona Oeste de São Paulo. O movimento exige a democratização da universidade, pedindo o fim da lista tríplice para escolha do reitor. No dia 15 de outubro, o desembargador José Luiz Germano concedeu 60 dias para a desocupação intermediada pelo estabelecimento de diálogo entre as partes, ressaltando o caráter político da manifestação. Entretanto, somente 15 dias depois a reitoria começou a negociar com os estudantes. Algumas pautas secundárias foram resolvidas, como a devolução de dois blocos de moradia estudantil. Mas as eleições diretas para reitor ainda não foram aprovadas. Após a decisão judicial pela reintegração de posse, o DCE publicou uma nota de repúdio. Para eles, o reitor João Grandino Rodas não pode reintegrar a reitoria quando já se iniciaram as negociações. O Comando de Greve Estudantil convocou os alunos para uma assembleia geral na quarta-feira (6), na qual decidirão os rumos do movimento. Para Luisa, os estudantes deverão sair da ocupação vitoriosos. Entenda a lista tríplice Atualmente, alunos e funcionários da USP escolhem os três candidatos nas eleições para reitor que formam a lista tríplice. Essa lista é repassada ao governador, que escolhe seu nome de preferência para o cargo. Nas última eleições, João Grandino Rodas foi escolhido por José Serra, mesmo sendo o segundo colocado nas votações. Em primeiro, estava o candidato Glaucius Oliva. Luisa relatou que os estudantes tiveram dificuldades para negociar as diretas, visto que as reuniões de negociações eram compostas pelas chapas que concorriam à reitoria, ou seja, pessoas interessadas em manter o pleito. O que não foi negociado As punições após a desocupação não foram negociadas conforme o pedido dos estudantes. Para que não sejam instaurados processos criminais, o DCE iniciará uma campanha pela descriminalização da manifestação. “Queremos recolher assinaturas de intelectuais e apoiadores do movimento, para abolir qualquer tipo de punição”, alegou Luisa. Além da falta de acordo com relação à lista tríplice, o debate sobre cotas raciais e o convênio da USP com a Polícia Militar também ficaram fora de pauta. Entretanto, Luisa afirma: “O fato de sairmos de greve não significa que vamos parar de nos mobilizar e sair da luta”.