Em Porto Alegre, palestrante negro do Fórum Social Mundial é abordado pela polícia por "atitude suspeita"

Paulo Sérgio Medeiros Barbosa, ativista da Rede Mocambos, quase foi encaminhado a uma delegacia, pouco antes de sua palestra no evento, simplesmente por estar caminhando em um parque. "Vemos na polícia uma herança escravocrata e racista", disse Barbosa em sua palestra. Brigada Militar, por sua vez, refuta preconceito: "Os policiais que o abordaram eram negros"

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Paulo Sérgio Medeiros Barbosa, ativista da Rede Mocambos, quase foi encaminhado a uma delegacia, pouco antes de sua palestra no evento, simplesmente por estar caminhando em um parque. "Vemos na polícia uma herança escravocrata e racista", disse Barbosa em sua palestra. Brigada Militar, por sua vez, refuta preconceito: "Os policiais que o abordaram eram negros" Por Redação* Participantes do Fórum Social Mundial, realizado esta semana em Porto Alegre (RS), se revoltaram contra a Brigada Militar por uma abordagem contra um ativista negro que palestrou no evento. Pouco antes de sua palestra, nesta quinta-feira (21), Sérgio Medeiros Barbosa, da Rede Mocambos, de Pernambuco, caminhava pelo Parque da Redenção, na capital gaúcha, quando foi abordado por policiais, que justificaram a ação dizendo que Barbosa estaria apresentando"atitude suspeita". De acordo com o ativista, os policiais queriam revistá-lo e, diante da negativa, o ameaçaram de conduzi-lo até uma delegacia. Depois de muito debate e pressão de participantes do Fórum que estavam no local, Barbosa foi liberado e seguiu para o evento, onde participou da mesa “Direitos Humanos, Comunicação e Juventude”. “Precisamos de mais movimentos como o que fizeram agora, defender os nossos. O negro é sempre suspeito, atravessando a rua, andando no parque, indo no banheiro; a polícia sempre nos considera suspeitos. Suspeitos de quê? Vemos na polícia uma herança escravocrata e racista. A gente precisa desmilitarizar a polícia, que todo o dia mata jovens negros nesse país”, afirmou o ativista, que foi respondido com um coro de "Não acabou, tem que acabar. Eu quero o fim da polícia militar" dos participantes do encontro. A Brigada Militar de Porto Alegre, por sua vez, disse que não houve racismo na abordagem. “Os policiais que abordaram eram negros, acredito que não tenha havido motivação racista. Até porque a Brigada não tem essa motivação e sempre que há desvio de conduta nesse sentido adotamos procedimentos para que isso não ocorra mais", disse ao Sul 21 o tenente-coronel Marcus Vinícius Oliveira. *Com informações do Sul 21 Foto: Guilherme Santos/Sul21