Em São Paulo, 52 motoristas e cobradores do transporte público já morreram na pandemia

Transporte público é serviço essencial, no entanto a superlotação desrespeita o distanciamento social e o covid-19 avança entre condutores, cobradores de ônibus e passageiros

Covid-19: Balanço Geral dos Sindicato dos Motoristas da cidade de São Paulo
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O Governo de São Paulo afirma que o estado entra na fase de platô da pandemia, ou seja um pico contínuo. A informação aumenta a gravidade da crise de saúde pública, os números de ocorrências continuam altos e preocupantes.

A cidade de São Paulo é a que tem o maior número de contágio e mortes pelo covid-19. Os trabalhadores de serviços essenciais (saúde, abastecimento, transporte público, entregadores, além dos trabalhadores de baixa renda que precisam usar o transporte público, para ir atrás de seu sustento, são os mais expostos à contaminação. O ônibus se torna um espaço de contágio, pois com a frota reduzida a superlotação que já é normatizada na cidade se intensifica com a flexibilização do isolamento.

Levantamento recente da Secretaria de Saúde do Sindmotoristas aponta o crescimento nos casos de contaminação e óbitos na categoria. Dados de 10 de julho: 747 casos suspeitos, 208 confirmados e 52 mortes.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Motoristas da cidade de São Paulo, Valmir Santana da Paz (Sorriso):“A nossa categoria tem enfrentado dias de dor e tristeza. Nesses quase cinco meses de pandemia, perdemos ao menos 52 amigos e famílias seus entes queridos para este vírus maldito."
Desde o início da pandemia, o Sindmotoristas tem lutado para garantir minimamente segurança e proteção para os trabalhadores da sua base. O Sindicato teve de ir à Justiça para obrigar os empresários do monopólio do transporte público a fazer o mínimo: fornecerem regularmente máscara e álcool em gel para seus trabalhadores.
O sindicato protocolou junto ao Poder Público ofício solicitando a instalação de divisórias de acrílicos próximas aos assentos do motorista e do cobrador e tem travado uma queda de braço com a Prefeitura e com os empresários de ônibus pelo retorno de 100% da frota de ônibus às ruas para diminuir a superlotação. O embate, com denúncias e protestos, ganhou repercussão na mídia nacional.

"O Sindicato não permitirá que os trabalhadores sejam sacrificados. Estamos preparados e dispostos a uma grande batalha pra garantir nossos direitos e condições seguras de trabalho”, adverte Sorriso.

Com informações do SindMotoristas