Em troca de cartas com movimentos sociais, papa Francisco reafirma luta por terra, teto e trabalho

Líderes agradeceram empenho do pontífice na libertação dos cubanos presos nos EUA e ressaltaram compromisso na organização do povo para reverter injustiças.

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Líderes agradeceram empenho do pontífice na libertação dos cubanos presos nos EUA e ressaltaram compromisso na organização do povo para reverter injustiças

Por Vanessa Martina Silva, do Opera Mundi

Terra, teto e trabalho. Dissipando as últimas desconfianças que movimentos sociais poderiam ter com relação ao papa Francisco — sobre quem pesam boatos de ter colaborado com a ditadura argentina —, uma troca de correspondências entre os grupos sociais que participaram do EMMP (Encontro Mundial de Movimentos Populares) e o sumo pontífice, entre o final de 2014 e o começo deste ano, evidencia o compromisso do Vaticano com questões sociais e, sobretudo, como afirmou Jorge Mario Bergoglio, com os "três Ts": terra, teto e trabalho, principal reivindicação do grupo.

Os participantes do EMMP escreveram a Francisco no final dezembro do último ano para “asseverar a relação entre o papa e os movimentos” e agradecer o comprometimento do sumo pontífice com a solução para a libertação de três dos Cinco Cubanos antiterroristas que permaneciam presos nos Estados Unidos e também do cidadão norte-americano Alan Gross, detido na ilha desde 2009, em 17 de dezembro. Isto, porque, durante o encontro com o papa realizado no Vaticano entre 27 e 29 de outubro, os mais de 100 dirigentes sociais de todos os continentes presentes pediram que ele interviesse na contenda envolvendo os cubanos.

“Fiel a seu estilo, Francisco recebeu nosso pedido com humildade. Poucas semanas depois, vimos com alegria o fruto do trabalho silencioso que ele vinha realizado há meses”, escreveram.

As negociações secretas para o histórico acordo entre os Estados Unidos e Cuba duraram um ano e meio e foram realizadas no Canadá com o incentivo do papa. Por isso, seguem os movimentos, “fizemos chegar uma carta de agradecimento”.

“Os movimentos populares do mundo estamos muito orgulhosos e esperançosos com os frequentes exemplos que [Francisco] nos tem dado. Sua coragem para enfrentar temas internos da Igreja e os temas políticos que afetam os poderosos nos dá ânimo. O mundo não está perdido! A humanidade tem energias suficientes para reverter e construir uma sociedade mais justa, fraterna e igualitária”, escreveram os integrantes do EMMP.

Da mesma forma, os movimentos afirmaram estar trabalhando em cima do tema do discurso final do encontro de outubro e se comprometem a seguir com a missão de “organizar o povo, sobretudo os mais pobres, para que se mobilizem e lutem por seus direitos historicamente negados” e dizem ao papa que a melhor pregação que ele pode fazer é “seguir dando exemplo da luta cotidiana contra qualquer injustiça em qualquer parte do mundo”.

Como resposta, em missiva datada de 02 de janeiro, endereçada às organizações populares, Francisco disse lembrar com “alegria o encontro em Roma” e pediu que o “Senhor os mantenha forme na luta pelos ideais que os movem. Que cada dia seja mais realidade aquilo pelo que lutam: os três Ts (terra, teto e trabalho)”.