Empresa contratada pelo governo de SP fecha as portas e abandona trabalhadores sem salário

Cerca de 1.500 funcionários da Higilimp, empresa que presta serviços para órgãos como Metrô, USP e alguns hospitais, estão há mais de um mês sem salários e benefícios e foram surpreendidos, no meio do Carnaval, com a notícia de que a companhia havia falido; sindicato luta para que governo e gestores arquem com os custos e readmita trabalhadores, que já começam a ser desligados

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Cerca de 1.500 funcionários da Higilimp - empresa que presta serviços para órgãos como Metrô, USP e alguns hospitais - estão há mais de um mês sem salários e benefícios e foram surpreendidos, no meio do Carnaval, com a notícia de que a companhia havia falido; sindicato luta para que governo e gestores arquem com os custos e readmita trabalhadores, que já começam a ser desligados Por Ivan Longo A luta de movimentos sociais, sindicatos e trabalhadores contra a ampliação da terceirização - em tramitação na Câmara dos Deputados através do Projeto de Lei (PL) 4330/2004 - ganhou ainda mais força nesta quinta-feira (11) com a mobilização de centenas de trabalhadores que, há mais de um mês sem salário, correm o risco de serem demitidos. Cerca de 1.500 funcionários da Higilimp, empresa de limpeza contratada pelo governo de São Paulo para atuar em órgãos como a Universidade de São Paulo (USP), o Metrô e alguns cemitérios e hospitais, estão desde janeiro sem receber salário e nenhum tipo de benefício e ainda foram surpreendidos, em pleno Carnaval, com a notícia de que a empresa havia falido. Ao longo do feriado, equipamentos de limpeza foram retirados da USP e do Metrô e os escritórios da companhia foram fechados. Nenhum responsável foi localizado e, abandonados, os trabalhadores começaram uma mobilização na manhã desta quinta-feira (11). No Metrô, banheiros de estações da Linha 1 - Azul foram interditados por falta de limpeza. "No final de semana veio a informação de que a empresa faliu. Muito trabalhador entrou em pânico por que mesmo sem salário e sem nem o vale transporte, continuavam comparecendo ao trabalho na esperança de uma negociação. Os terceirizados da USP são os mais precarizados. E é justamente o tipo de trabalhador que trabalha de manhã para ter o que comer a noite", disse à Fórum uma representante do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), que apoiou a mobilização dos funcionários que ainda tentam uma negociação com a reitoria da universidade. De acordo com o Sintusp, a ideia é que a reitoria, uma vez que foi a responsável pela contratação da empresa, assuma os custos dos atrasos e recoloque os trabalhadores em seus postos. "Esta não é a primeira vez que a empresa Higilimp pratica este tipo de fraude e, misteriosamente retorna com novos contratos com a Universidade", destacou o diretor do Sintusp, Claudionor Brandão. Já no Metrô, os trabalhadores da Higilimp, que atuam na Linha 1 - Azul, contaram na manhã de hoje (11) com o apoio do Sindicato dos Metroviários. "É escandaloso. É importante dizer que existe no país uma tentativa de ampliar a terceirização. E dá nisso que estamos vendo agora. O Metrô que se benefeciou com o trabalho desses terceirizados deve assumir. Não tem que esperar ir para a Justiça pra receber o que é de direito", afirmou o diretor Raimundo Cordeiro. A Higilimp, inclusive, já desrespeitou decisões da Justiça em relação a esses salários atrasados. A última determinação do Ministério do Trabalho e Emprego era que a companhia acertasse os salários atrasados de 400 funcionários que atuavam no Metrô até o última dia 5. "Não é primeira vez que eles atrasam salários e o sindicato está acompanhando, tentando negociar. Desde ontem estamos contatando as pessoas e fazendo os desligamentos. Estamos tentando negociar com gestor por gestor mas provavelmente o governo queira que isso vá para a Justiça comum. A primeira etapa é se mobilizar para fazer esse processo de desligamento, baixa na carteira, etc e, depois, pensar em um processo coletivo contra a empresa e ir para a Justiça", disse à Fórum a assessora de imprensa do Siemaco, sindicato que representa os trabalhadores terceirizados. Procurada pelo repórter da Fórum, a administração do Metrô não se pronunciou quanto à mobilização dos trabalhadores para que a companhia do governo assuma as dívidas. A reitoria da USP, por sua vez, informou por meio de nota que poderá efetuar o pagamento dos salários atrasados "desde que os responsáveis pela empresa sejam localizados e forneçam os dados da folha de vencimentos". Caso contrário, a universidade garante que creditará "em conta judicial o valor referente à prestação de serviço, a partir de ação impetrada pelo Siemaco". Novas mobilizações de trabalhadores da Higilimp estão marcadas para acontecer na manhã desta sexta-feira (12). Foto: Esquerda Diário