Empresa da ex-esposa de Wassef, advogado da família Bolsonaro, recebeu R$ 41,6 milhões do governo

A Globalweb Outsourcing, que presta serviços de tecnologia, recebeu mais recursos do governo Bolsonaro que dos governos Dilma e Temer juntos; fundadora é ex-esposa de Frederick Wassef, advogado de Flávio Bolsonaro que é dono da casa onde Queiroz foi encontrado

O advogado Frederick Wassef e Flávio Bolsonaro (Reprodução)
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As relações de Jair Bolsonaro com Frederick Wasseff vão para além do campo jurídico. Dono do imóvel em Atibaia (SP) onde o ex-assessor de Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz, foi encontrado antes de ser preso, Wassef era casado com Cristina Boner Leo, fundadora da empresa Globalweb Outsourcing.

De acordo com reportagem do UOL publicada neste domingo (21), a Globalweb, que presta serviços de tecnologia para o governo federal, recebeu da gestão Bolsonaro R$ 41,6 milhões entre janeiro de 2019 e junho deste ano.

A empresa já tinha contrato com governos anteriores, mas os recursos pagos por Jair Bolsonaro pelos serviços prestados pela companhia da ex-esposa de Wassef já chegam aos valores pagos durante os quatro anos do último governo, dividido entre Dilma Rousseff e Michel Temer, que foi de R$ 42 milhões.

Além disso, o governo Bolsonaro fechou novos contratos com a empresa no valor de R$ 53 milhões, o que resultará em R$ 218 milhões a serem pagos à companhia nos próximos anos.

Ou seja, os recursos pagos pelo governo Bolsonaro à empresa da ex-esposa do advogado da família presidencial aumentaram de maneira exponencial com relação aos governos anteriores.

À reportagem, Wassef afirmou que os negócios da ex-esposa não têm qualquer relação com ele. Já a Globalweb, bem como Cristina Boner, informaram que não há "qualquer tentativa de vinculação de seus resultados ou das contratações como fruto de influência política". O governo Bolsonaro, por sua vez, não se pronunciou sobre o assunto.

Confira a íntegra da reportagem aqui.

"Uma pessoa só"

Em entrevista na noite deste sábado (20), o advogado Frederick Wassef reafirmou que teria sido vítima de armação e disse que o objetivo seria atingir o presidente Jair Bolsonaro.

“Se bater no Fred atinge o presidente, eu e o presidente viramos uma pessoa só, então todos estão empenhados em atingir minha vida, em destruir minha vida, minha imagem, minha reputação. Mas vão cair do cavalo, que eu nunca fiz nada de errado na vida. Tá claro isso?”, afirmou em entrevista o jornalista Caio Junqueira, da rede CNN Brasil, sem explicar, no entanto, o motivo pelo qual Fabrício Queiroz foi encontrado em um imóvel seu.

“O que eu estou dizendo é: se surgirem quaisquer coisa em meu desfavor, é uma armação, é uma fraude, é uma farsa. Por que estão fazendo isso? Se fizerem, se fizerem, eu sei que estão fazendo isso pra tentar me incriminar, pra tentar aprontar uma pra mim, porque todos estão convictos hoje de que o Fred virou o alvo”, disse ainda.

A declaração de Wassef acontece em meio à tentativa do presidente de descolar a imagem do advogado, que atuava em defesa dele e do filho Flávio Bolsonaro e tinha livre trânsito no Palácio do Planalto. Em entrevistas, Wassef sempre se apresentou como ‘advogado do presidente’.