Estados Unidos manteve base de espionagem em Brasília pelo menos até 2002

Instalação, operada pela CIA e pela NSA, era uma das 16 bases espalhadas pelo mundo que tinham a missão de coletar informações de satélites

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Instalação, operada pela CIA e pela NSA, era uma das 16 bases espalhadas pelo mundo que tinham a missão de coletar informações de satélites

Da Redação 

Os Estados Unidos mantiveram em Brasília, ao menos até 2002, uma estação de espionagem na qual agentes da NSA (Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos) trabalhavam em parceria com a CIA (Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos).O jornal O Globo teve acesso a documentos vazados pelo ex-consultor da CIA, Edward Snowden, que hoje está em uma área de trânsito de um aeroporto de Moscou,na Rússia. Até o momento três países ofereceram asilo político para Snowden: Bolívia, Venezuela e Nicarágua.

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Um destes documentos vazados pelo o ex-consultor da CIA a que o jornal teve acesso possui o o título “Primary Fornsat Collection Operations” e destaca as 16 bases da NSA ao redor do mundo. Estas instalações tinham como missão a coleta de informações através de satélites de outros países. De acordo com O Globo, não se pode afirmar que a base de Brasília tenha operado após o ano de 2002 por falta de provas.

O jornal também teve acesso a um conjunto de documentos da NSA, datados de setembro de 2010, que podem levar à conclusão de que escritórios da Embaixada do Brasil em Washington e da missão brasileira nas Nações Unidas, em Nova York, podem ter sido alvos da agência. O conjunto de documentos revelam ainda que “agentes da NSA, disfarçados de diplomatas, conduzem o acervo". Porém, segundo O Globo, não é possível confirmar essas informações e nem saber se essas práticas persistem.

Estes documentos também revelam o modo operante da NSA para monitor informações em escritórios estrangeiros instalados nos EUA. A agência utiliza softwares de espionagem operados por implantes físicos em redes digitais privadas e computadores. O Highlands, software que faz a coleta direta de sinais digitais; o Vagrant, que faz cópias das telas dos computadores; e o Lifesaver, que copia as memórias armazenadas em discos rígidos. O Brasil teria sido alvo destes três programas.

O jornal carioca já havia revelado, também por meio de documentos vazados pelo ex-consultor da CIA, que a NSA espionou pessoas que moraram ou passaram pelo Brasil, e também empresas instaladas no país, durante a última década. De acordo com os documentos, a agência mantém uma parceria com uma grande empresa de telefonia nos Estados Unidos, que por sua vez possui relações de negócios com outros empresas de telecomunicações ao redor do mundo, incluindo as brasileiras. No ultimo mês de janeiro, o Brasil teve 2,3 bilhões de telefonemas e mensagens espionados.

Ontem, 7, o governo brasileiro cobrou explicações dos Estados Unidos sobre a denúncia de espionagem de cidadãos e empresas brasileiras por parte da NSA . O Ministério das Relações Exteriores solicitou esclarecimentos ao embaixador dos EUA no Brasil, Thomas Shannon, e acionou a embaixada brasileira em Washington para cobrar diretamente o governo norte-americano. O Itamaraty também irá entrar com uma moção na ONU (Organização das Nações Unidas) para que a segurança cibernética seja aperfeiçoada com o objetivo de  evitar abusos deste tipo por parte de um país.

A governo norte-americano declarou, por meio da sua Direção Nacional de Inteligência, que os EUA não irão abordar publicamente as denúncias de que estariam espionando e-mail e telefonemas de brasileiros, mas que irão responder apenas aos seus parceiros e aliados através das vias diplomáticas. Em comunicado, o governo norte-americano afirmou ainda que sua política é coletar o mesmo tipo de informações de inteligência que são alvo de todos os países.

Com informações do jornal O Globo. 

(Foto de capa: Duffman / Wikimedia Commons)