“Eu não sou porta-voz do PCC”, diz Dexter em resposta ao UOL

Rapper divulga nota de repúdio à matéria do portal e deixa claro que não pertence e, tampouco, representa a facção

Dexter se sentiu prejudicado com matéria no UOL (Foto Carolina Wadi)
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[caption id="attachment_20112" align="alignright" width="300"] Dexter se sentiu prejudicado com matéria no UOL (Foto Carolina Wadi)[/caption] Rapper divulga nota de repúdio à matéria do portal e deixa claro que não pertence e, tampouco, representa a facção Por Igor Carvalho, no SPressoSP O rapper Dexter divulgou nota de esclarecimento na qual repudia matéria publicada no portal UOL na última sexta-feira (7), assinada pelo repórter Rodrigo Bertolloto. A matéria associa Dexter ao PCC (Primeiro Comando da Capital) e, segundo o músico, teve uma edição “tendenciosa”, onde o que “foi dito foi deturpado”. “Eu acredito que minha integridade está em risco, a forma como o jornalista colocou a matéria dá a impressão para as pessoas, e inclusive para a corporação da polícia, de que eu tenho ódio deles, o que não é verdade”, explica o rapper. “Acho que em todos os lugares existe o bom e o mau profissional, às vezes sou parado na rua por um policial que me pede autógrafo.” Os comentários da matéria apontam para uma interpretação de que o músico teria feito um discurso ofensivo à Polícia Militar. São ameaças de morte e ofensas ao rapper. “Ficar dizendo que eu devo tomar tiro na cara, que eu tenho que morrer, isso eu não concordo, por isso minha vida está em risco”, alerta Dexter. “A princípio,  o convite da matéria veio diferente, seria uma troca de ideias entre eu, Ferréz, Sérgio Vaz e Thaíde, o que eu aceitei de bate pronto porque esses outros companheiros são companheiros de luta e têm tudo a ver nossas ideias”, disse Dexter. “Aí mudaram a proposta, seria o Cascão e o Marcão do DMDN. Quando minha assessoria me disse, falei que não queria fazer, achei que estavam criando uma outra coisa, me neguei a fazer. Aí me ligaram novamente dizendo que a entrevista seria só comigo, eu aceitei fazer, o tema não seria só violência.” Na matéria com o título “Rappers ex-presidiários veem PCC como grupo de resistência“, Dexter aparece junto com Cascão. Além disso, na mesma matéria com Dexter é exibido um vídeo produzido pelo UOL com a  “Bancada da Bala”, formada pelos policiais eleitos vereadores, em São Paulo, Cel. Telhada, Cel. Camilo e Conte Lopes. Dexter explicou que ficou uma hora reunido com a reportagem do portal. “A gente falou a respeito do hip-hop, como ele é feito nas periferias, o efeito que ele promove e eu deixei claro que o hip-hop salvou minha vida. Falei sobre escola, ensino, sobre meu projeto, que vai contra tudo que foi colocado na matéria, e na matéria ele me colocou como porta-voz do PCC.” Para o rapper, a edição foi “maldosa.” Um dos temas destacados pelo músico, e não publicado, foi o trabalho que desenvolve dentro do Sistema Carcerário, chamado de “Como vai seu mundo”, que conta com a promoção de debates, oficinas de teatro, música, dança, fotografia e rádio com os presos. “Queria deixar bem claro que se há um ano e sete meses eu ganhei minha liberdade é porque cumpri  minha cota e não devo nada para a sociedade, e, hoje, eu volto para dentro do sistema para desenvolver um trabalho que vai na contramão de tudo que ele colocou na matéria”, disse. Dexter explicou que, “por ter vivido dentro do sistema carcerário, falei como funciona o PCC, conheço os caras, mas não participo e nem sou porta-voz, eu sou músico, eu sou rapper, o rap me salvou”. Assista ao vídeo abaixo, onde Dexter fala sobre o assunto. Dexter também divulgou uma carta repúdio (leia abaixo).

Nota de esclarecimento

Surpreendidos pela matéria com o rapper Dexter, veiculada pelo Uol na última sexta-feira, dia 07/12/2012, a assessoria de imprensa do artista, juntamente com o mesmo, se vê no direito e na obrigação de manifestar seu repúdio com relação ao conteúdo da edição do material. Em primeiro lugar, gostaríamos de deixar claro que o artista não pertence e, tampouco, representa o PCC, facção que, segundo a mídia, atua dentro e fora dos presídios de São Paulo. Também reforçamos que, em momento algum, o rapper defende a violência como solução para problemas sociais ou de qualquer ordem. A pauta nos foi proposta tendo como único entrevistado o Dexter. Não fomos informados que a opinião dele seria associada deliberadamente a de outras pessoas, pelo contrário, já que o artista concedeu a entrevista sem a presença de nenhum outro entrevistado. A conversa com o jornalista Rodrigo Bertolotto teve duração de cerca de uma hora e foi editada de maneira irresponsável, em vídeos de curta duração, dando ênfase apenas para trechos da fala do artista, induzindo o leitor a acreditar que o rapper faça apologia ao crime e ao PCC. Conforme conversado previamente com o jornalista e com a produtora da reportagem, o tema em questão é bastante delicado e a forma como o material foi publicado tendencia o leitor a acreditar em uma posição que não condiz com o pensamento do artista, além de colocar em risco sua credibilidade e integridade física, e de comprometer a reputação do Hip Hop, estigmatizando o movimento. A pauta proposta era que o Dexter abordasse temas como violência, juventude, periferia, carreira artística e Hip Hop no momento atual. Entretanto, toda a parte da entrevista em que ele fala sobre sua carreira, assim como sobre o projeto “Como Vai Seu Mundo”, desenvolvido pelo rapper dentro do sistema carcerário, ficaram integralmente de fora da edição do material publicado. Estas informações são essenciais para compreender a visão do artista sobre os assuntos em questão. Vale lembrar também que Dexter já cumpriu seu período de reclusão e, hoje, se dedica exclusivamente a difusão de sua música e de palestras que visam sempre a paz e a conscientização de que o crime não compensa. É lamentável que o passado do artista tenha sido colocado em primeiro plano, deixando de lado seu momento atual de êxito profissional e o impacto positivo de suas mensagens.