EUA: Bush enfrenta pior crise da Palestina ao Paquistão

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Com os enfrentamentos da semana passada em território palestino entre as forças do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) e as do partido secular Fatah, a idéia de Bush de apostar em uma solução de dois Estados para o conflito palestino-israelense parece mais remota do que nunca, enquanto um novo informe do Pentágono sugere que a ultima estratégia para conter a insurgência no Iraque está fracassando em seu principal objetivo de reduzir a violência.

Quatro anos depois dos primeiros sinais de insurgência no Iraque, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, se encontra acossado por grandes crises que se estendem da Palestina ao Paquistão. Com os enfrentamentos da semana passada em território palestino entre as forças do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) e as do partido secular Fatah, a idéia de Bush de apostar em uma solução de dois Estados para o conflito palestino-israelense parece mais remota do que nunca, enquanto um novo informe do Pentágono sugere que a ultima estratégia para conter a insurgência no Iraque está fracassando em seu principal objetivo de reduzir a violência. No Paquistão, o presidente Pervez Musharraf, a quem os Estados Unidos deram um apoio quase incondicional desde os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 em Nova York e Washington, agora enfrenta um crescente descontentamento popular, enquanto grande parte das regiões fronteiriças tribais vai caindo sob controle de forças aliadas com o renascente movimento islâmico afegão Talibã. Por sua vez, o Irã, que na semana passada foi acusado por funcionários norte-americanos de fornecer armas ao Talibã, continua desafiando as demandas de Washington para suspender seu programa de enriquecimento de urânio, e os aliados regionais de Teerã, Síria e o partido islâmico xiita libanês Hezbolá, sem mencionar o próprio Hamas, parecem ter resistido aos intensos esforços dos Estados Unidos para isolá-los. A violência dos últimos dias em Gaza significa um grande obstáculo para a esperança de Washington de criar uma coalizão antiiraniana integrada por Israel e seus aliados árabes, Egito, Arábia Saudita e Jordânia. De fato, o rei saudita Abdulá bin Abdulaziz parece ter se desiludido com Washington mesmo antes de o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, líder do Fatah, dissolver o governo de unidade nacional que o monarca havia ajudado pessoalmente a constituir em março. “Há uma forte opinião entre nossos amigos árabes de que não sabemos o que estamos fazendo”, disse Daniel Kurtzer, enviado especial de Washington a Israel na primeira administração de Bush e agora professor na Universidade de Princeton. A Al Qaeda, que continua desfrutando a proteção de seus aliados no Paquistão e que converteu o Iraque ocupado em seu principal campo de recrutamento, também se beneficiou da crescente rejeição em toda a região às políticas da Casa Branca. “A Al Qaeda é atualmente uma operação global, com uma bem azeitada máquina de propaganda com sede principal no Paquistão, uma secundária e independente no Iraque e com um alcance expansivo na Europa”, escreveu no mês passado Bruce Riedel, ex-analista da Agência Central de Inteligência (CIA) na revista Foreign Affairs. No artigo intitulado “A Al Qaeda contra-ataca”, Riedel, diretor do escritório de Assuntos para o Oriente Médio da Casa Branca entre 1997 e 2002, previu que a rede terrorista pode reiniciar operações no norte do Líbano e em Gaza, e posteriormente provocar uma guerra aberta entre os Estados Unidos e o Irã, como parte de uma “grande estratégia” para “fazer Washington sangrar”. Israel, que no ano passado lutou um desastrosa guerra no Líbano, promovida e prolongada pelos “falcões”, a ala mais belicista do governo Bush, parece cada vez mais vulnerável. Especialistas regionais, entre eles Riedel e Kurtzer, concordam que o reinício de um processo de paz confiável entre israelenses e palestinos poderia dar a estes últimos a esperança de que a criação de um Estado próprio não é algo tão distante, o que a secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice chama de “horizonte político”. Esse poderia ser o passo mais importante que Washington poderia dar para reverter a crescente radicalização no Oriente Médio. A grande pergunta é como reagirão os Estados Unidos e Israel diante dos últimos acontecimentos nos territórios palestinos, tema que seguramente estará no topo da agenda do encontro entre Bush e o primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, esta semana. De particular importância e saber se serão adotadas as mesmas políticas de castigo contra Gaza, agora controlada pelas forças do Hamas, como as aplicadas após as eleições parlamentares de 2006. Os falcões já pedem uma política dura, consistente com a dos últimos cinco anos, não apenas insistindo para que Washington lidere um boicote econômico e diplomático contra Gaza, mas, também, que congele toda idéia de reiniciar negociações de paz, inclusive com Abbas.   Envolverde/ IPS