"Exagerada e desnecessária", diz Ricardo Salles sobre operação da PF

O ministro foi ao prédio da Polícia Federal para obter informações sobre o inquérito e estava acompanhado de um segurança armado

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles - Foto Marcos Corrêa/PR
Escrito en BRASIL el

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, declarou nesta quarta-feira (19) que o inquérito que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF), sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes, e que levou à deflagração da Operação Akuanduba pela Polícia Federal, teria induzido o ministro ao erro e que a operação da PF foi "exagerada e desnecessária".

"Esse inquérito foi instruído de uma forma que acabou levando o ministro relator, induzindo o ministro relator a erro, induzindo justamente a dar a impressão de que houve, ou que teria havido, possivelmente uma ação concatenada de agentes do Ibama e do Ministério do Meio do Ambiente para favorecer ou para fazer o destravamento indevido do que quer que seja. Essas ações jamais, repito, jamais aconteceram."

O ministro também afirmou que os funcionários citados no despacho sempre estiveram à disposição das autoridades e poderiam ter sido convocados para depois.

Salles também revelou que ligou para o presidente e explicou do que se trata o inquérito e afirmou "que não há substância em nenhuma das acusações" e que os questionamentos feitos por Moraes podem ser esclarecidos "com rapidez".

A respeito de uma suposta ausência de autorização relativa à carga enviada aos Estados Unidos, Ricardo Salles afirmou que não sabe detalhes, mas que a presidência do Ibama entendeu que "a regra que estava sendo invocada era uma regra que já deveria naquela altura ter sido alterada".

O ministro do Meio Ambiente compareceu na PF acompanhado de um assessor armado

O ministro do Meio Ambiente chegou no prédio da Polícia Federal por volta das 8h e estava acompanhado de um assessor armado, que é um militar da reserva.

De acordo informações da Folha de S. Paulo, o ministro cobrou explicações sobre o inquérito e quis falar com o superintendente, que o recebeu e avisou Salles que o caso corre sob sigilo e é de responsabilidade do ministro Alexandre de Moraes.

O segurança que acompanhava Salles e estava armado, é responsável ela segurança do ministro por causa das ameaças que ele tem recebido.

Leia também: Moraes aponta relação de Salles com “grave esquema de facilitação e contrabando de produtos florestais”

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, é alvo de busca e apreensão da Polícia Federal (PF) nesta quarta-feira (19). Entre os crimes supostamente praticados há a prática de corrupção, advocacia administrativa, prevaricação e, especialmente, facilitação de contrabando.

Além dos indícios de ter praticado os crimes acima citados, um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) detectou transações suspeitas envolvendo o escritório de advocacia do ministro, também serviu de base para o ministro do STF, Alexandre de Moraes, a autorizar a operação. Por conta disso, o ministro Ricardo Salles teve os seus sigilos bancários e fiscal quebrado. O STF também determinou o afastamento de dez servidores do ministério e do Ibama.

Na abertura de seu despacho, Alexandre de Moraes afirma que, “De acordo com a representação da autoridade policial, os depoimentos, os documentos e os dados coligidos sinalizam, em tese, para a existência de grave esquema de facilitação e contrabando de produtos florestais o qual teria o envolvimento de autoridade com prerrogativa de foro nessa Suprema Corte, no caso, o Ministro do Meio Ambiente, Ricardo de Aquino Salles”.