"Filas virtuais" da Caixa trazem problemas para beneficiários e podem causar aglomeração

Fenae aponta que problemas no aplicativo podem resultar em novas aglomerações e filas em agências, aumentando riscos à saúde da população e de bancários

Foto: Divulgação
Escrito en BRASIL el

Beneficiários do auxílio emergencial têm relato problemas técnicos e inconsistências no aplicativo Caixa TEM, onde estão sendo concentradas as operações para movimentação do auxílio e FGTS emergenciais, dentre outros serviços. Segundo a Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), as interrupções no aplicativo podem levar as pessoas às agências, causando aglomerações.

Nos últimos dias, muitos beneficiários têm registrado intermitências no Caixa TEM que dificultam o acesso a dados da conta digital e a realização de pagamentos e transferências. Para o presidente da Fenae, Sérgio Takemoto, o problema provoca o "deslocamento às agências, colocando em alto risco a saúde das pessoas e dos bancários, no auge da pandemia em diversas localidades do país".

Em Salvador, beneficiários relataram que foram às unidades do banco depois de não conseguirem acesso ou informações pelo aplicativo. A agências da Caixa na capital da Bahia voltaram a registrar filas e aglomerações nesta semana.

Internautas também têm reclamado dos problemas do aplicativo nas redes sociais. Segundo a direção da Caixa, têm sido registrados mais de 500 mil acessos simultâneos no aplicativo, e "podem ocorrer paradas no sistema em momentos de maiores concentrações".

Ao Diário de Pernambuco o presidente do banco, Pedro Guimarães, afirmou que o problema se deve ao início do pagamento do FGTS Emergencial. De acordo com Guimarães, a utilização do aplicativo "é muito superior do que se imaginava", com uma capacidade inicial de um milhão de usuários e que, segundo ele, já chega a 122 milhões (considerando os pagamentos do auxílio e do FGTS emergenciais, além de outros benefícios sociais pagos pelo banco por meio do app).

A decisão de disponibilizar o aplicativo para as movimentações veio com o objetivo de evitar as filas e aglomerações registradas nas agências do banco em diferentes locais do país. Porém, Takemoto ressalta que "as pessoas passaram a enfrentar novas dificuldades para ter acesso a recursos que são emergenciais, que as ajudam a sobreviver".

Na última semana, beneficiários registraram um problema com o pagamento do FGTS emergencial. Seria feito o depósito de nascidos em janeiro, fevereiro e março. Contudo, beneficiários foram comunicados que o pagamento seria depositado "em outra data".

Segundo informações da Caixa à imprensa, "o crédito foi reprogramado para o calendário seguinte, condicionado à complementação de dados no app FGTS". A necessidade de completar o cadastro não havia sido informada pela Caixa anteriormente, já que, de acordo com as informações iniciais, tanto a abertura da poupança digital quanto o depósito do FGTS Emergencial seriam automáticos.

"Novamente — a exemplo do que ocorreu no cadastramento ao auxílio emergencial de R$ 600 — está havendo falhas e desencontros de informações à população por parte da direção da Caixa. Isto causa dúvidas e apreensão em milhões de brasileiros que estão dependendo destes benefícios para conseguir sobreviver à crise", afirma Takemoto. "É preciso destacar o esforço e o comprometimento dos empregados do banco de diferentes setores, que têm se desdobrado para garantir o atendimento essencial à população desde o início da pandemia", reforça.

Segundo estudo divulgado pela Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia, o auxílio de R$ 600 representa mais de 93% da renda dos domicílios mais pobres.