Filhos de Bolsonaro querem internacionalizar disparos do gabinete do ódio nas redes

Carluxo tenta estancar sangria de Bolsonaro nas redes para as eleições 2022 com método que é alvo de investigação no TSE

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O clã Bolsonaro nunca parou de fazer campanha. Tem sido assim desde o primeiro dia do mandato de Jair Bolsonaro (sem partido) iniciado em 2018. Mas, agora, a insatisfação dos bolsonaristas com a mudança de tom do presidente em seus ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF), logo depois do pronunciamento golpista feito nos protestos antidemocráticos de 7 de setembro, fez o governo antecipar ainda mais os planos de campanha para as eleições 2022 e potencializar as fake news.

Para isso, entrou em cena o “gabinete do ódio”, geridos pelos filhos de Bolsonaro com o comando maior do vereador carioca, Carlos Bolsonaro (Republicanos), o filho “02” do presidente.

O objetivo é recriar o modelo de disparos de fake news nas redes sociais, bem-sucedido em 2018, e que agora sofre com a queda de engajamento da decepcionada extrema-direita desde a carta “Declaração à Nação” escrita pelo ex-presidente Michel Temer, e assinada por Bolsonaro.

De acordo com informações do portal UOL, uma fonte do Ministério das Comunicações afirma que o “02” tenta “estacar a sangria” nas redes sociais bolsonaristas. O UOL confirmou a presença de Carlos Bolsonaro no Planalto na semana passada, em dia de expediente na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, o que indica sua participação ativa na nova estratégia de disseminação de fake news de Bolsonaro.

Filhos de Bolsonaro querem dar drible na luta do TSE e STF contra as fake news

O cenário mudou bastante desde as eleições de 2018. Se antes as fake news eram livres para serem disseminadas, elas agora têm no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e no STF inimigos ferrenhos na luta contra a propagação de notícias falsas, inclusive com abertura de inquéritos de ofício.

Uma das investigações visa a chapa Bolsonaro-Mourão em ação que apura disparos de mensagens em massa ilegais no WhatsApp durante a campanha de Bolsonaro em 2018 e que pode resultar na cassação de mandato do presidente e seu vice.

Um plano, porém, foi traçado entre o filho “02” e o “03”, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), para manter a produção de fake news ativa no Brasil por meio da contratação de uma empresa internacional que será responsável por disseminar os “disparos” nas redes sociais e aplicativos de conversa como WhatsApp e Telegram.

A terceirização dos disparos feitos por empresas do exterior dificultaria o controle de órgãos brasileiros contra os avatares e os “robôs de Bolsonaro” difusores de notícias em favor do presidente.

Assim, a produção de “farms” (fazenda em inglês), que significa a união de ao menos três avatares (no caso bolsonarista seriam milhares de avatares), contaria com a utilização de VPNs (Virtual Private Network – do inglês Redes Privadas Virtuais) na tentativa de esconder os IPs, que são os registros dos avatares.

O VPN mostraria que o IP está sendo utilizado no Brasil, mas seria controlado em um país estrangeiro, impedindo ações efetivas das autoridades fiscais.

Em declaração concedida ao UOL, o advogado Renato Ribeiro de Almeida, doutor em direito pela USP (Universidade de São Paulo), a veiculação de conteúdo fora do Brasil "pode configurar tentativas de driblar o controle e a fiscalização exercida pela Justiça Eleitoral".

"É fundamental que todos os candidatos realizem suas campanhas utilizando provedores e domínios nacionais, sem nenhum tipo de subterfúgio", finalizou o advogado.

Pois é exatamente isso que Carluxo e o clã Bolsonaro tentam fazer: driblar o TSE e o STF para continuarem em sua estratégia de disseminação de fake news (com certeza tendo o ex-presidente Lula como alvo preferencial) para vencer as eleições presidenciais de 2022.