Em fevereiro, Flávio Bolsonaro comemorava a compra de 20 milhões da Covaxin

Em postagem do dia 28 de fevereiro, o senador também apresentou um calendário de chegada dos imunizantes que nunca se concretizou

Flávio Bolsonaro - Foto: Agência Senado
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Em postagem realizada no dia 28 de fevereiro, o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) comemorava a compra de "20 milhões de doses da vacina Covaxin".

Na mesma publicação, Flávio exalta o esforço do governo de seu pai, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), para "adquirir cada vez mais vacinas contra a Covid-19".

“Desta vez, o Ministério da Saúde assinou contrato para compra de 20 milhões de doses da vacina Covaxin junto à Precisa Medicamentos/Bharat Biotech. O investimento total foi de R$ 1,614 bilhão”, celebrou Flávio Bolsonaro.

Além de comemorar a compra, que agora é apontada como superfaturada, de uma vacina que ainda não foi autorizada pela Anvisa, o senador Flávio Bolsonaro apresenta um calendário de chegada dos imunizantes que nunca foi cumprido.

"As primeiras 8 milhões de doses do imunizante devem chegar em março, em dois lotes de 4 milhões delas. Em abril, o governo federal espera receber outras 8 milhões de unidades do imunizante. Em maio, é esperado o último lote, com 4 milhões de doses", revela o senador um calendário que nunca foi cumprido.

Superfaturamento

A compra suspeita de 20 milhões de doses da Covaxin, vacina indiana contra a Covid-19, por parte do governo Bolsonaro, teve ajuda direta do líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), através de uma emenda que ele conseguiu aprovar em abril.

A emenda é uma nova redação da Medida Provisória 1.026/21, que prevê autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária “para a importação e distribuição de quaisquer vacinas” sem registro que tivessem sido aprovadas por autoridades sanitárias de outros países.

A Covaxin foi vendida ao governo brasileiro por uma intermediária – algo que não aconteceu com outros imunizantes – pela empresa Precisa Medicamentos. Ricardo Barros é investigado por suposta prática de improbidade administrativa ao favorecer, quando era ministro, a Global Saúde, que é sócia da Precisa.

A compra da vacina indiana, que aconteceu antes da autorização da Anvisa para seu uso no Brasil, se tornou alvo de investigação da CPI do Genocídio no Senado por suspeita de corrupção. Isso porque ela foi vendida ao governo brasileiro por um valor muito mais alto que outros imunizantes que estavam sendo oferecidos. Bolsonaro intercedeu pessoalmente para garantir o contrato com a Precisa Medicamentos, representante da Bharat BioNTech no Brasil, enquanto Pfizer e Butantan faziam ofertas.