Folha desanca em editorial censura da TV Cultura à canção que critica Alckmin e Doria

Diante de corte de parte da letra: “Na noite que finca as garra/ SP é fio de navalha/ O pior do ruim/ Doria, Alckmin/ Não encosta em mim, playboy/ Eu sei que tu quer o meu fim”, no programa ironicamente chamado “Cultura Livre”, a Folha dispara: “A saber, o princípio de que uma emissora sustentada com recursos do contribuinte não pode ser objeto de aparelhamento partidário e da propaganda política”.

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Diante de corte de parte da letra: “Na noite que finca as garra/ SP é fio de navalha/ O pior do ruim/ Doria, Alckmin/ Não encosta em mim, playboy/ Eu sei que tu quer o meu fim”, no programa ironicamente chamado “Cultura Livre”, a Folha dispara: “A saber, o princípio de que uma emissora sustentada com recursos do contribuinte não pode ser objeto de aparelhamento partidário e da propaganda política”. Da Redação com Informações da Folha A Folha fez duras críticas à censura praticada pela TV Cultura à canção da banda Aláfia, que cita o governador Geraldo Alckmin e o prefeito de São Paulo, João Doria, no editorial “Cultura e censura”, deste domingo (23). A apresentação da banda e o corte de parte da canção aconteceu, ironicamente, no programa “Cultura Livre”. O editorial da Folha relata o caso e cita a letra de "Liga nas de Cem": “Uma letra do grupo, em particular, parece ter soado especialmente provocativa para as autoridades da TV Cultura, a emissora gerida pelo governo paulista. ‘Na noite que finca as garra/ SP é fio de navalha/ O pior do ruim/ Doria, Alckmin/ Não encosta em mim, playboy/ Eu sei que tu quer o meu fim’, cantava o vocalista Eduardo Brechó, durante o programa ‘Cultura Livre’, transmitido às terças e reprisado aos domingos.” O trecho censurado está em 3m56s. O texto da Folha segue irônico, tanto com a canção quanto com o seu conteúdo e fala sobre o corte de parte da letra: “Esse trecho de ‘Liga nas de Cem’ revelou-se mais certeiro no diagnóstico político do que na concordância gramatical. Por meio de uma edição grosseira, a menção ao governador Geraldo Alckmin e ao prefeito da capital, João Doria, ambos do PSDB, não chegou ao conhecimento do público da atração televisiva”. Logo mais à frente, o texto discorre sobre as várias posições políticas adotadas pela emissora ao longo dos anos: “Em nota oficial, os dirigentes da TV Cultura justificaram a censura afirmando sua preocupação em ‘não difundir ideias ou fatos que incentivem a polarização’. Tal cuidado, levado a sério, inviabilizaria boa parte dos programas da emissora —que, se num passado recente deixavam transparecer um viés antitucano, hoje carregam nas tintas do governismo.” O editorial se torna ainda mais duro à medida que anuncia as consequências que o ato causou: “Face às reações que a atitude despertou — que foram desde o inconformismo da apresentadora do programa até a convocação de Marcos Mendonça, diretor-presidente da fundação que controla a TV Cultura, para explicações na Assembleia Legislativa—, o ato censório foi parcialmente revertido. Os administradores do canal comprometeram-se a reapresentar a música da banda Aláfia integralmente. Antes tarde do que nunca, poderia dizer-se”. E conclui, com o óbvio: “A saber, o princípio de que uma emissora sustentada com recursos do contribuinte não pode ser objeto de aparelhamento partidário e da propaganda política”.