No país da fome, Bolsonaro diz que dor intestinal foi churrasco: “enchi a pança”

Presidente deu declaração insensível a seguidores no cercadinho do Alvorada. Afirmou ainda que teve sorte por não precisar de cirurgia e que foi salvo pelo “sacolejo da ambulância” que o levou ao luxuoso hospital em SP

Foto: YouTube (Reprodução)
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O presidente Jair Bolsonaro disse nesta segunda-feira (19) que seu problema no intestino foi por conta de um churrasco em Porto Alegre (RS), no qual “encheu a pança”, e que só não foi operado porque o “sacolejo” da ambulância no “asfalto meio ruim” de São Paulo ajudou a resolver o problema.

“Começou em Porto Alegre, mas foi o churrasco. Eu enchi a pança. Fui com tudo e depois teve mais, eu fui num lugar por aqui, tirei o atraso. Eu sabia que podia haver aderência depois de tanta cirurgia. Aconteceu. Agora a sorte que eu dei, eu saí daqui já com a faca na barriga para operar em SP. Daí cheguei em São Paulo, a ambulância tava... Tava meio ruim o asfalto, né... O pessoal perguntou: "Mais devagar?". "Não. Mantenham a velocidade". Daí, manteve, sacolejou. Especialistas vão falar que eu estou falando besteira aqui, mas tudo bem", disse, em meio a gargalhadas.

Deve ser ressaltado que a declaração insensível vem no momento em que o país enfrenta a sua maior crise de fome na História. Segundo dados de uma pesquisa realizada pela Universidade Livre de Berlim (Alemanha), em parceria com a UFMG e a UnB, 59,4% dos lares brasileiros apresentaram algum nível de insegurança alimentar.

São 125 milhões de seres humanos no Brasil, num universo total de 212 milhões de habitantes do país, que não podem se alimentar adequadamente. Entre eles, 13%, ou seja, 27 milhões, vivem neste momento em miséria absoluta, sem nada, ao Deus dará, famintos, sem casa, sem água, sem coisa alguma.

O país também ficou chocado, na última sexta-feira (16), com a notícia de que uma fila gigantesca se formou para pegar ossos de boi descartados por um açougue de Cuiabá, no Mato Grosso.

A explicação esdrúxula foi dada por Bolsonaro aos seus fanáticos seguidores que dão plantão no cercadinho do Palácio da Alvorada, onde habitualmente o presidente se sente à vontade para criticar e xingar opositores e jornalistas. Às vezes sobra agressividade até para os admiradores.