França começa a retirar refugiados de acampamento em Calais; local será demolido

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Sete mil refugiados que vivem no acampamento serão levados para centros de acolhimento ao redor da França; autoridades temem protestos. Por Opera Mundi As autoridades francesas iniciaram nesta segunda-feira (24/10) a retirada dos mais de 7.000 refugiados que vivem no acampamento de Calais, maior do país. O local será demolido. Foram mobilizados 60 ônibus para transferir os refugiados para 450 centros de acolhimento ao redor do país e montados pontos de processamento a fim determinar o local para onde eles serão enviados, se são considerados “vulneráveis” (como é o caso de crianças desacompanhadas) e se eles viajarão com suas famílias ou sozinhos. No momento, cerca de 1.300 pessoas já deixaram Calais. As autoridades esperam que pelo menos 3.000 deixem o acampamento ainda hoje. Na terça (25/10), mais 45 ônibus chegarão ao acampamento para levar por volta de 2.500 pessoas e, na quarta-feira (26/10), 40 ônibus levarão as 2.000 restantes. O processo de transferência de refugiados já havia começado na semana passada, com as crianças desacompanhadas de Calais. Até domingo, 278 delas chegaram em segurança ao Reino Unido. O processo de envio para o Reino Unido foi interrompido nesta segunda, a pedido do governo francês para, realizar as operações desta semana — ainda restam pelo menos mil crianças em Calais. Demolição de Calais O governo deu início à operação de demolição do acampamento de Calais, conhecido pejorativamente como “A Selva”, em março, quando começaram os desalojamentos e foi levada abaixo a parte sul do acampamento, onde ficavam abrigos temporários. Na ocasião, porém, diversos refugiados se mobilizaram em protestos à operação. Muitos subiram em cima dos abrigos para evitar que fossem demolidos. Eles acabaram sendo dispersados pela polícia francesa com balas de borracha e gás lacrimogêneo — segundo ONGs de direitos humanos, cerca de 100 crianças desapareceram por causa da ação da polícia. Nesta segunda, as autoridades temem enfrentar novos protestos, visto que ainda existem pessoas que querem chegar ao Reino Unido, onde muitos possuem família e/ou acreditam que terão melhores oportunidades de emprego. A cidade de Calais é separada pelo Reino Unido apenas pelo Canal da Mancha. No porto da cidade se localiza a entrada do túnel que cruza o canal. Impedidos de entrar no túnel — muitos chegaram a morrer no processo —, alguns refugiados tentam fazer a travessia se escondendo em veículos de carga. No ano passado, mais de um milhão de pessoas — a maioria fugindo da guerra civil na Síria e do grupo extremista Estado Islâmico —, chegaram na Europa em busca de refúgio, gerando uma crise humanitária. Foto de Capa: Wikimedia Commons