Funai se cala sobre decreto de Bolsonaro que prevê mineração em 177 terras indígenas por empresas estrangeiras

O próprio Bolsonaro externou seu desejo ao compartilhar vídeo de encontro com Al Gore, no Fórum Econômico Mundial, em que diz que quer explorar as riquezas da Amazônia "junto com os EUA"

Jair Bolsonaro, Walter Braga Netto, Ricardo Salles e Luiz Ramos - - Foto: Isac Nóbrega/PR
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A Funai disse que nada tem a acrescentar em consulta realizada pelo Ministério da Justiça sobre um decreto que está sendo preparado pelo governo Jair Bolsonaro que prevê a abertura de uma faixa de 16 mil quilômetros de extensão e 150 quilômetros de largura - passando por 11 estados - para exploração de minérios por empresas estrangeiras. A área abrange 177 territórios indígenas.

Segundo informações de Lauro Jardim, no jornal O Globo nesta quarta-feira (28), o Planalto tem pronta a minuta do decreto, que flexibiliza as regras para a mineração na faixa da fronteira, um antigo desejo de Bolsonaro. A área representa 16% do território brasileiro.

Atualmente, para explorar minérios no Brasil a empresa precisa ter pelo menos 51% de capital nacional, dois terços de mão de obra e a maioria de cidadãos brasileiros na administração. O decreto de Bolsonaro prevê a revogação das regras para liberar a exploração por grupos estrangeiros, de preferência dos Estados Unidos.

O próprio Bolsonaro externou o desejo ao compartilhar um trecho do documentário alemão “O Fórum” em que aparece com Al Gore, ex-vice-presidente dos EUA, dizendo que quer explorar a Amazônia com aquele país. Gore é defensor de causas ambientais, pelas quais chegou a receber um Prêmio Nobel da Paz.

Ao lado do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, o presidente afirma: “A Amazônia não pode ser esquecida. Temos muitas riquezas. E gostaria muito de explorá-la junto com os Estados Unidos”.