Juliane Furno: "Teto de gastos não pode ser usado como terrorismo econômico"

A economista usou as redes para criticar a tese do "teto de gastos" a qual, segundo Furno é "empiricamente questionável", que entrou em debate por conta do Auxílio Brasil e após o presidente Bolsonaro afirmar que o seu governo não vai "furar o teto"

Campanha "Bolsocaro" (Reprodução)
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A economista Juliane Furno usou as redes para questionar a tese do "teto de gastos" a qual, segundo Furno é "empiricamente contestável".

"O Teto de gastos como âncora fiscal capaz de soerguer o crescimento pela retomada da confiança, contenção da inflação e abertura de condições para a redução da taxa básica de juros é empiricamente contestável", afirma Juliane Furno.

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Em seguida, a pesquisadora, que é doutora em desenvolvimento econômico pela Universidade de Campinas (Unicamp), afirma que "A ideia de que o equilíbrio fiscal é fundamental para a confiança dos agentes privados se sustenta na teoria do “ajuste fiscal expansionista”, que se mostrou metodologicamente questionável".

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Para a pesquisadora, "O ajuste fiscal desde 2015 tem sido contracionista quando cortar gastos Deprime ainda mais as receitas, precisando, assim, cortar ainda mais gastos. Além de injusto do ponto de vista da garantia dos direitos sociais, ajustes fiscais pelo lado do gasto são contraproducentes, principalmente em economias em desaceleração".

"O que garante a elevação do nível de investimento não é muito menos o nível de endividamento público (quando feito na própria moeda) é mais a expectativa de demanda, o que cai mais quando mais caem os gastos públicos que são receitas privadas", analisa.

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Além disso, Juliane Furno explica que "Historicamente a inflação brasileira, por outro lado, não está associada ao gasto público, nem ao aumento da base monetária e, portanto, nem ao aumento de demanda. A inflação atual, por exemplo, é de custo, não tendo relação com a flexibilização das regras fiscais".

Em outro momento, Furno questiona a tese que relaciona a desvalorização do dólar com teto de gastos. "Alguém pode dizer: ahhh mas o dólar se desvalorizou porque o teto foi furado e por isso houve fuga de capitais. Não, a maior desvalorização do real ocorreu do início ao final de maio de 2020, quando o debate do teto nem estava posto, mas o Mandela havia sido demitido".

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Por fim, a economista afirma que o teto de gastos não pode ser utilizado para se fazer "terrorismo econômico".

"Durante quase todo o ano de 2020 o Brasil conviveu com o maior endividamento público da nossa história concomitantemente a menor taxa de juros, o que mostra que os juros não respondem necessariamente ao endividamento e nem deveriam responder Como único instrumento para uma inflação que não é de demanda.

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O problema é o nosso sistema de meta de metas de inflação, que tem um ano/calendário curto, não centra no núcleo da inflação e só tem uma ferramenta: juros. Portanto, cessar o teto de gasto é em primeiro lugar uma obrigação humanitária e, em segundo lugar, não pode ser usado como terrorismo econômico, gerando - automaticamente - juros e inflação elevada".

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