Generais já falam em romper com Bolsonaro, informa colunista do UOL

Segundo o jornalista Chico Alves, os desmentidos entre Mourão e presidente sobre a compra da vacina Coronavac é o indício mais recente desse conflito: “Nunca houve a verbalização tão explícita das discordâncias”

Foto: Marcos Corrêa/PR
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Em artigo publicado neste sábado (31) pelo portal UOL, o jornalista Chico Alves afirmou que a insatisfação da chamada “ala militar” do governo de Jair Bolsonaro.

Segundo o colunista, a insatisfação é crescente entre muitos generais que compõem o ministério, especialmente contra setores que consideram rivais dentro da estrutura de governo, como o dos filhos do presidente e seu Gabinete do Ódio” (que operam as estruturas comunicacionais do bolsonarismo) e o dos olavistas (seguidores e/ou indicados pelo astrólogo Olavo de Carvalho).

Ambos os grupos – que ás vezes se confundem, já que muitas figuras ligadas ao Gabinete do Ódio são seguidores do guru da extrema-direita – são alvo de críticas dos militares, que reclamam ser “frequentemente distinguidos com apelidos, palavrões e fake news”, segundo Alves.

“Generais da reserva e da ativa não engoliram a humilhação a que Bolsonaro submeteu o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, ao suspender o acordo para compra da vacina CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan em parceria com cientistas chineses”, relata o colunista.

Ainda no tema da vacina, Chico Alves comenta os desmentidos entre Bolsonaro e o vice-presidente Hamilton Mourão sobre a compra da vacina chinesa Coronavac: “No capítulo mais recente desse embate, o vice-presidente Hamilton Mourão fez à revista Veja afirmação diametralmente oposta a tudo o que o presidente Bolsonaro vem falando sobre a vacina CoronaVac. Enquanto Bolsonaro passou dias provocando o governador João Doria, dizendo que não ia comprar a ‘vacina chinesa’, Mourão discordou do chefe com firmeza: ‘Lógico que vai’”.

Alves também indica um artigo do general Otávio do Rêgo Barros, afetado recentemente pela extinção do cargo de porta-voz, que foi publicado pelo Correio Braziliense, “em que ele usa o imperador romano César como analogia ao que acontece no governo no qual atuou como porta-voz (…) e afirma que o poder ‘inebria, corrompe e destrói’. Deu pistas sobre o comportamento despótico do presidente e dos puxa-sacos que o cercam, além de alertar que os poderes Legislativo e Judiciário deveriam ficar atentos para conter os arroubos do Executivo”.

“Dentro e fora do governo, nunca houve a verbalização tão explícita das discordâncias entre Bolsonaro e os militares. E elas são muitas. O crescente escândalo da rachadinha e a clara intenção do presidente de proteger sua família, além da parceria com o Centrão, minaram os argumentos que os fardados tinham para considerar Bolsonaro diferente de outros”, comentou Alves.