Geraldine, filha de Charles Chaplin, visita o Brasil pela primeira vez

A atriz falou sobre a importância de Carlitos, o célebre personagem que completou 100 anos em 2014

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A atriz falou sobre a importância de Carlitos, o célebre personagem que completou 100 anos em 2014 Por Maíra Streit Em uma disputada coletiva de imprensa na terceira edição do Festival Internacional de Cinema de Brasília, Geraldine Chaplin concentrou  todas as atenções. Para além do sobrenome famoso, que ela admite ter impulsionado sua carreira, a atriz consolidou uma trajetória de sucesso, tendo trabalhado com diretores renomados em filmes como Doutor Jivago, Nashville, A Época da Inocência e Fale com Ela. Geraldine é a homenageada e convidada de honra do festival, mas não conseguiu fugir das perguntas sobre o pai. Aliás, ela agradece. “Se não me perguntarem sobre ele, é porque estão mal da cabeça”, disse, simpática, em uma entrevista concedida em bom espanhol. O assunto, de fato, não poderia ser outro. Em 2014, um dos personagens mais icônicos do cinema completa 100 anos e ainda encanta pela genialidade do artista que soube misturar, como poucos, o drama e a comédia. Ela lembra que a representação do melancólico andarilho, que lutava por um pedaço de pão e lutava contra a pobreza sem nunca se resignar, foi inspirada na história do próprio Chaplin, que viveu no subúrbio de Londres no final do século XIX. “Ele falava de sua infância, de sua juventude. Era o que ele conhecia. Se tivesse sido milionário, não haveria o Carlitos”, destacou. [caption id="attachment_50691" align="alignright" width="328"]annex-chaplincharlie28moderntimes29_01 Cena clássica do filme Tempos Modernos (1936)[/caption] A crítica em torno das injustiças do mundo pôde ser percebida em inúmeras obras. O filme Tempos Modernos (1936) deu origem a uma cena clássica, em que Carlitos enlouquece de tanto apertar parafusos e vai parar no interior da máquina na fábrica onde trabalha, em uma nítida referência à alienação provocada pelo capitalismo e o modo de produção fordista. Em O Grande Ditador (1940), é a vez da Alemanha nazista ser o alvo da ácida ironia de Chaplin. Ele deixa o carismático malandro para incorporar Adolf Hitler, um dos principais responsáveis pelo massacre de judeus na Segunda Guerra Mundial, interpretado de forma bastante debochada. No filme Chaplin, que retrata a biografia do consagrado ator e diretor, Hannah, a mãe do artista, é vivida pela própria Geraldine, que descreve a sensação de interpretar a avó nas telas. “Foi uma alegria. Primeiro, porque ela era uma grande personagem”, ressalta. Entre outros assuntos, falou ainda sobre o envelhecimento, os padrões estéticos do cinema e a emoção de conhecer o Brasil. Hoje, a atriz vive entre a Suíça e a Espanha, onde divide uma casa com o marido e cineasta chileno Patricio Castillo e cultiva uma palmeira dada de presente por Raúl Castro. Fotos: Divulgação Liberty Mall/Graciliano Cândido