Gestão da Petrobras ataca a liberdade sindical

Gerência Geral da Refinaria Landulpho Alves (Rlam), suspendeu por 29 dias Deyvid Bacelar, coordenador geral da Federação Única dos Petroleiros, em pleno exercício legal de seu mandato sindical

Deyvid Bacelar, coordenador-geral da FUP
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Ontem (05/04), Deyvid Bacelar, coordenador geral da Federação Única dos Petroleiros- FUP, em pleno exercício legal de seu mandato sindical, foi punido com suspensão de 29 dias pela Gerência Geral da Refinaria Landulpho Alves- RLAM.

A arbitrariedade fere frontalmente convenções da OIT e busca intimidar a resistência dos petroleiros tanto em relação à denúncia do quadro grave de covid nas refinarias, como na luta contra a privatização da RLAM e uma série de outras denúncias que a FUP vem fazendo sobre a gestão Castello Branco na Petrobras.

A Federação Única dos Petroleiros soltou uma nota de repúdio argumenta que: "O objetivo é nitidamente tentar intimidar os petroleiros e petroleiras, punindo a principal liderança sindical da categoria por atuar na greve da Rlam e denunciar os riscos a que os trabalhadores estão submetidos por conta da venda da refinaria e as ilegalidades do processo de privatização. A Rlam foi vendida por valor abaixo do mínimo fixado pela própria Petrobrás, em um processo suspeito que vem sendo denunciado pelo coordenador da FUP e demais lideranças sindicais, como as altas remunerações e bônus que beneficiaram os gestores da empresa." Leia a nota completa no site da FUP.

Denúncias da FUP e práticas de intimidação da gestão da Petrobras

Este Blog conversou com Deyvid Bacelar sobre a sua suspensão. O coordenador-geral da FUP argumenta que a perseguição é uma tentativa de intimidação para frear as denúncias que a FUP vem fazendo: "Nós da FUP realizamos inúmeras ações em defesa dos petroleiros e da soberania nacional. Denunciamos a privataria do governo Bolsonaro e da gestão Castello Branco."
Bacelar lembra que a FUP realizou ações civis públicas, ações populares:. A FUP denunciou a gestão da Petrobras no Tribunal de Contas da União- TCU, na Controladoria Geral da União- CGU, na Comissão de Valores Imobiliários- CVM e se posicionou contra o acordo da Petrobras com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica-CADE: "Essas denúncias tem gerado efeito nos órgãos de fiscalização, no judiciário, no legislativo e na mídia".
O coordenador da FUP lembra do recente escândalo da operação na bolsa com informações privilegiadas que de acordo com a denúncia na CVM, tratou-se e uma operação feita por assessoras do Castello Branco utilizando CPF de familiares. A FUP também denunciou o escândalo do plano de saúde da categoria petroleira que estava sendo entregue à iniciativa privada, principalmente à Sulamérica e a Bradesco Seguros, devido ao favorecimento de Castello branco e Cláudio Costa (gerente administrativo de Recursos Humanos da Petrobras): "Existem denúncias de ações nossas contra tudo isso e, principalmente, contra a venda fraudulenta da Landulpho Alves." e explica: "Nós conseguimos atrapalhar o processo de venda, provocando o TCU que, hoje, questiona o que a Petrobras fez, ou seja, vender um ativo por menos da metade de seu preço, bem abaixo do valor que a própria Petrobras estabeleceu. Tudo isso tem incomodado a gestão entreguista da Petrobras".

Próximos passos
Deyvid informa que recebeu uma série de manifestações de apoio de diversas entidade sindicais (centrais, federações, confederações e sindicatos) e de movimentos sociais contra a ação antissindical da gestão da Petrobras. Segundo o coordenador-geral da FUP: "A punição é ilegal, arbitrária e precisa ser questionada na Justiça e denunciada internacionalmente" e explica: O jurídico da FUP e do Sindipetro Bahia estão preparando a documentação para agirmos em âmbito nacional e internacional. Faremos, através da CUT, uma denúncia a OIT. Vamos agregar à denúncia da CUT que questiona práticas antissindicais, o descumprimento de convenções internacionais, como a 98 da OIT."
"Vamos explicitar que o governo federal brasileiro não respeita as convenções em que o Brasil é signatário, não respeita o espaço da mesa de negociação, as relações sindicais, comete assédio, intimidação, promove o medo e o terror e práticas antissindicais que atingem nossa ação como dirigentes e das categorias. Para nós, ficou explícito que a gestão da Petrobras promove esta perseguição na tentativa de nos intimidar, mas não nos intimidaremos, não iremos parar de lutar e de denunciar esse processo fraudulento", conclui o coordenador-geral da FUP.

*Leia a repercussão na matéria de hoje da Fórum.

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