Gilberto Gil contraria campanha e diz que toca em Israel

Apesar da intensa mobilização nas redes para que cancele sua apresentação ao lado de Caetano Veloso em Tel Aviv, Gil disse que manterá o show e que tocará "em Israel para um Israel palestino"

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  O cantor Gilberto Gil contrariou a mobilização das redes e confirmou que não cancelará o show ao lado de Caetano Veloso marcado para 28 de julho na cidade de Tel Aviv, em Israel. "Não tenho muito interesse em misturar a posição discutível do Estado de Israel com o povo de Israel, que tem uma vida, uma cultura e uma dimensão simbólica. Pessoas que gostam de música brasileira e que têm um apreço por esta música há muitos anos", disse, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo. A página do Facebook "Tropicália não combina com apertheid" tem mais de 4.200 curtidas e reúne depoimentos de artistas e intelectuais que pedem que Gil e Caetano desistam da apresentação em solo israelense. O coro foi engrossado pelo músico inglês Roger Waters, ex-baixista e cantor da banda Pink Floyd, que em 22 de maio enviou carta à dupla com o mesmo apelo. O documento foi entregue aos brasileiros pelo BDS (sigla para "boicote, desinvestimento e sanções"), movimento global de pressão a Israel para que desocupem os territórios palestinos. No depoimento ao Estadão, Gil chegou a tomar posição em relação ao conflito. "Uma das coisas que digo sempre é que, para mim [o problema é] o próprio fato da escolha do povo israelense de manter ali seu Estado depois da Segunda Guerra, de não ter aceito uma oferta para fazer o Estado de Israel em outra região para evitar esses problemas de território (...) Há também minha posição contrária à ocupação das terras [por parte de Israel] e à construção do muro [o Muro da Cisjordânia, também conhecido como Cerca da Separação]", argumentou. Ainda assim, ponderou e desconsiderou a possibilidade de não se apresentar em Israel. "Ao mesmo tempo, existem coisas odiosas também do outro lado [dos palestinos], como a existência dos homens-bomba. Então, há uma situação muito complicada para se tomar um partido único e punir boa parte do povo de Israel, boa parte pacífica e interessante desse povo", declarou. Gil afirmou que cantará "em Israel para um Israel palestino" e que pensa em utilizar o palco para falar algo sobre o conflito. "Tem um povo que está lá em Israel com a opinião dividida. Há uma parte significativa que apoia uma visão mais harmoniosa, um desejo de convívio mais harmonioso que condena as atitudes duras do governo. Ir cantar em Israel é também apoiar essa parte, apoiar um Israel pró-ativo, um Israel mais palestino", finalizou.

(Foto: Vagner Campos)