Golpe completa um ano com o país na lama

President of the Chamber of Deputies Eduardo Cunha observes congressmen, who support the impeachment, demonstrate during a session to review the request for Brazilian President Dilma Rousseff's impeachment, at the Chamber of Deputies in Brasilia, Brazil April 16, 2016. The placards read "Bye Dear". REUTERS/Ueslei Marcelino
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Todos os indicadores do país pioraram muito de lá para cá. A maioria dos políticos envolvidos no golpe ou está preso ou seriamente implicado em denúncias e delações, como Aécio Neves, o eterno inconformado com a derrota de 2014, um dos principais conspiradores contra Dilma, uma das poucas que segue de pé. Neste aniversário de um ano, não há o que comemorar. Da Redação com Informações do Brasil 247 Há exatos doze meses, no dia 17 de abril de 2016, a Câmara dos Deputados escreveu uma das páginas mais vergonhosas da história do Brasil. Numa sessão em pleno domingo, presidida por Eduardo Cunha (PMDB-RJ), parlamentares investigados por corrupção acolheram um pedido de impeachment sem crime de responsabilidade contra a presidente Dilma Rousseff, reeleita com 54 milhões de votos. Abriu-se ali o roteiro de um golpe parlamentar que arruinou a economia brasileira, que encolheu quase 10% desde então, e desmoralizou a imagem do Brasil no mundo. De país admirado pela melhoria dos indicadores sociais, o Brasil voltou a ser uma típica república bananeira, marcada por golpes rastaqueras. Naquele mesmo dia, o escritor português Miguel Souza Tavares fez a definição precisa – e antológica – para a sessão: uma assembleia de bandidos presidida por um bandido. Um ano depois, é impossível não lhe dar razão. O parlamentar que presidiu a sessão, Eduardo Cunha, hoje está preso em Curitiba, condenado a mais de 15 anos, por corrupção, evasão de divisas e lavagem de dinheiro. O senador Aécio Neves (PSDB-MG), agitador do golpe, é hoje um dos políticos mais desmoralizados do País, acusado de receber mais de R$ 50 milhões para favorecer empreiteiras, sendo o recordista de pedidos de inquéritos no Supremo Tribunal Federal – cinco, ao lado de Romero Jucá (PMDB-RR), que dizia ser necessário derrubar Dilma para estancar a sangria da Lava Jato. Também presente naquela fatídica sessão, o deputado Bruno Araújo (PSDB-PE), que chorou ao dar o voto decisivo para o acolhimento do golpe parlamentar, hoje é um dos oito ministros de Michel Temer denunciados ao Supremo Tribunal Federal. Enquanto isso, Dilma Rousseff segue de pé em sua luta para devolver a democracia ao Brasil e foi aplaudida em todas as universidades em que discursou nos Estados Unidos. A narrativa das "pedaladas fiscais", pretexto para o golpe, foi desmoralizada pelo próprio Michel Temer, em entrevista concedida à TV Bandeirantes neste sábado. Nela, Temer confessou que Dilma só foi derrubada porque não garantiu os três votos no conselho de ética que poderiam ter salvo seu parceiro Eduardo Cunha. Ou seja: Dilma caiu porque não se dobrou a um chantagista (leia mais aqui). Nesta segunda-feira, seu advogado, José Eduardo Cardozo, juntará como prova no processo que questiona o mérito do impeachment e pede a anulação do golpe a prova fornecida pelo próprio Temer (leia mais aqui). Foto: Ueslei Marcelino/Reuters