Governo argentino corta sinal da Telesur no país

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Para a Alba Movimentos, a ação do governo de Maurício Macri "é uma clara violação à liberdade de expressão”, uma vez que privará a população de receber informação alternativa difundida pela rede multi-estatal latino-americana Por Tatiana Félix, na Adital A Articulação Continental dos Movimentos Sociais para a Aliança Bolivariana dos Povos de Nossa América (Alba Movimentos) classificou como "forte atentado contra a unidade latino-americana", a decisão do governo da Argentina de desvincular o país da cadeia de TV multiestatal Telesur. No último domingo (27), o ministro de Meios e Conteúdos Públicos, Hernán Lombardi, e o secretário de Comunicação Pública, Jorge Grecco, anunciaram a intenção de encerrar a sociedade com a rede multiestatal e retirar o sinal da Telesul do sistema de Televisão Digital Aberta (TDA) da Argentina. Com a decisão, também não será mais obrigatória a inclusão do sinal da Telesur nas grades das operadoras de tv a cabo do país. "Nosso país não tinha nenhuma ingerência nos conteúdos do sinal nem em seu gerenciamento. Esta determinação se alinha com o que propomos para os meios públicos em termos de pluralismo e austeridade", justificou o ministro Lombardi. No entanto, para a Alba Movimentos, a ação do governo de Maurício Macri "é uma clara violação à liberdade de expressão”, uma vez que privará a população de receber informação alternativa difundida pela Telesur. Em comunicado, a Articulação também critica a anulação da Lei de Serviços Audiovisuais, que proibia a concentração monopólica dos meios de comunicação de massa e garantia a pluralidade de vozes. "A partir da Alba Movimentos estamos em alerta diante dessa avanço comunicacional dos governos direitistas para censurar as vozes do campo popular e repudiamos o anúncio do governo argentino de sair da Telesur, como um ato que atenta contra a pluralidade de vozes na Argentina e no continente", expressa em comunicado. A TeleSur, por sua vez, acredita que a iniciativa do governo é mais uma forma de censura, após vários programas de televisão terem sidos censurados por fazerem críticas à gestão de Macri. De acordo com a TeleSul, o ministro Lombardi nega as acusações e alega que a decisão se trata apenas de "razões práticas” e "risco econômico”. Citando o artigo 13 da Convenção Americana sobre Direitos Humanos, a Alba Movimentos ressalta que a liberdade de pensamento e de expressão inclui não apenas o direito de se expressar, mas também o de receber informações por quaisquer vias e sem restrição de fronteiras. "Tirar a Telesul da grade da TDA é uma violação a esse direito para os argentinos em particular e para os latino-americanos em geral, já que, graças à Telesul, se puderam difundir as lutas sociais e as consequências das políticas de ajuste que sofre o povo argentino, como as políticas intervencionistas do imperialismo, em todo o continente”, explica. Segundo a Alba Movimentos, a decisão do governo argentino, feita às vésperas da visita do presidente estadunidense, Barack Obama, demonstra o apoio e o alinhamento político dos dois países e faz parte de uma "estratégia continental que busca isolar os processos de mudança no continente, como também a invisibilização dos movimentos populares que enfrentam as políticas neoliberais e antipopulares”. O Prêmio Nobel da Paz e membro do Conselho Assessor da Telesul, Adolfo Perez Esquivel, em entrevista a jornalistas argentinos acerca da atitude do governo argentino, assinala que a decisão do governo de Macri de sair da Telesul é uma decisão política. E diz que "a Telesul é o único canal latino-americano com transcendência”, e que isto é "uma censura aberta a vários países latino-americanos que integram a Telesur”. E a respeito da postura de Macri, Esquivel assegura que "não tem se caracterizado pela defesa dos direitos humanos” e, quando os evoca é para atacar a Venezuela; e essa decisão fecha as portas a um país irmão e aumenta a pressão que vem sendo exercida sobre esse país e sobre outros na América Latina, com uma visão diferente à dos EUA. TeleSur Com o lema "Nosso norte é o sul”, o canal La Nueva Televisión del Sur C.A - TeleSur [A Nova Televisão do Sul C.A. – Telesur] – foi criado em 2005 pelo então presidente da Venezuela, Hugo Chávez, para ser um meio de visibilidade dos movimentos sociais da América Latina. A rede é integrada pelos Governos da Venezuela, Cuba, Bolívia, Nicarágua, Uruguai, além da Argentina, que participava com 16% das ações. Após os cinco primeiros anos do convênio, a renovação seria automática, até que uma das partes declarasse a intenção de se desvincular.