Governo Bolsonaro tem estoque encalhado de 4 milhões de comprimidos de cloroquina

Em maio, técnicos alertaram Ministério da Saúde para risco de excesso; sem comprovação científica, remédio é defendido pelo presidente para tratar coronavírus

Bolsonaro com medicamentos à base de cloroquina - Foto: Reprodução
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Técnicos do comitê de emergência que assessora o Ministério da Saúde em decisões sobre a pandemia de coronavírus alertaram para o risco de o governo ficar com estoques encalhados de cloroquina. O presidente defende obsessivamente a utilização do remédio para tratar a covid-19, contrariando evidências científicas que apontam para a sua ineficácia.

No início de julho, o governo federal tinha distribuído 4.374.000 de comprimidos do medicamento e tinha uma reserva de quase igual tamanho: 4.019.500.

Em uma reunião no dia 25 de maio, período em que o ministério negociava a vinda ao país de pelo menos três toneladas de insumos para a produzir mais medicamento, os técnicos alertaram para o risco do estoque exagerado.

"Devido a atual situação não é aconselhável trazer uma quantidade muito grande, pois caso o protocolo venha a mudar, podemos ficar com um número em estoque parado para prestar contas", diz documento que registra o encontro, revelado pelo jornal Folha de S.Paulo.

O total parado em estoque, no entanto, poderia ser ainda maior, já que alguns estados não quiseram receber o medicamento.

"Com isso, ficou em estoque para devolução 1.456.616, estamos aguardando maiores definições para proceder ou não com o recolhimento", aponta o registro do encontro.

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