Governo da França quer frear acordo com Mercosul por política de desmatamento no Brasil

Estudo encomendado pelos franceses indica que o aumento das exportações gerado pela parceria elevaria o impacto ambiental no país sem garantias de controle por parte do governo Bolsonaro

Clauber Cleber Caetano/Presidência da República
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Integrantes do governo da França se posicionaram contra o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul em razão dos impactos ambientais e de falta de mecanismos para garantir a redução do desmatamento. As declarações públicas foram dadas após um estudo encomendado pelo governo francês indicar que o aumento das exportações do Brasil pode levar a um maior desmatamento no país.

O posicionamento complica a diplomacia do governo Jair Bolsonaro e pode enterrar o acordo negociado há 20 anos. Embora tenha sido aprovado pelo Parlamento e pela Comissão executiva do bloco europeu, o tratado precisa ser aprovado pelos poderes legislativos de cada Estado membro e sancionado por seus poderes executivos. O parlamento da Holanda já rejeitou o acordo por razões semelhantes.

"O desmatamento coloca em risco a biodiversidade e o clima", disse o primeiro-ministro da França, Jean Castex, nas redes sociais. Segundo Castex, o estudo "conforta a posição da França de se opôr ao protejo de acordo UE-Mercosul, como está" e trata-se de ser "coerente com os compromissos ambientais" da França.

O ministro da Agricultura francês, Julien Denormandie, também declarou que, "como está, as coisas são claras: NÃO ao Mercosul". "Sem melhorias na luta contra o desmatamento, o reconhecimento do trabalho de nossos agricultores e o respeito às normas, a França se opõe e continuará a se opor ao projeto de acordo", escreveu.

O Itamaraty julga que aspectos econômicos e protecionistas sejam os reais motivos da recusa por parte dos franceses.