Governo quer agricultura familiar como provedora de alimentos

Chico Menezes, presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e nutricional (Consea) acredita que Sistema Nacional permitirá fortalecer pequenos produtores diante do avanço do agronegócio

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Chico Menezes, presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e nutricional (Consea) acredita que Sistema Nacional permitirá fortalecer pequenos produtores diante do avanço do agronegócio Por Brunna Rosa Ao final da III Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, em Fortaleza, Ceará Chico Menezes, presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e nutricional (Consea) concedeu entrevista á Fórum. O evento sobre a política nacional de segurança alimentar e nutricional do país ocorreu de 3 a 6 de julho. Com a chamada Por um desenvolvimento sustentável com soberania e segurança alimentar e nutricional a Conferência, que recebeu duas mil pessoas, discutiu os principais pontos da Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional. Menezes explica como foi o processo da Conferência e suas expectativas em relação à criação do Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional. Para Menezes, fortalecer programas que englobem a política nacional alimentar será uma forma de estruturar a agricultura familiar para que se torne a principal provedora de alimentos para a população brasileira. Chico Menezes foi pesquisador e diretor do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), fundado pelo sociólogo Betinho, criador da campanha brasileira contra a fome. FÓRUM- Como foi o processo que construiu a III Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional? CHICO MENEZES- Iniciamos com uma série de contatos entre municípios passando por micro-regiões, realizando conferências estaduais que culminaram na Nacional. No processo, foram envolvidos ao menos 70 mil pessoas, discutindo políticas públicas e segurança alimentar e nutricional. O processo, por si só, já tem um grande significado ao abrir, para a sociedade e governos, as discussões de propostas que esperamos que se convertam em ações na área. O encontro nacional conta com duas mil pessoas que representam discussões sobre o tema que envolveram o país inteiro. FÓRUM- Que influência esse encontro pode ter nas política públicas de segurança alimentar? MENEZES- Já existem algumas coisas muito nítidas, que levam em consideração as características sociais e iniciativas que são bastante pertinentes com a complexa realidade do país. É nítido o aspecto da fragmentação que persiste nas políticas públicas de segurança alimentar e nutricional no país. Na conferência estamos discutindo a pertinência da construção de um Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional. Outro fator que estou muito otimista é o fortalecimento de programas que trazem alternativas a população que se encontra em uma situação vulnerável por condições ambientais. Um exemplo é o programa um milhão de cisternas, que já tem 200 mil cisternas construídas no Semi-Árido. FÓRUM- Como funcionaria o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional? MENEZES- A segurança alimentar tem uma abrangência que não é setorial e por isso é diferente do Sistema Único de Saúde e do Sistema Nacional de Assistência Social. O Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional funcionará como um sistema que de fato integre políticas, programas e ações, que trazem resultados concretos e paralelamente fortaleça programas de aquisição de alimentos da agricultura familiar. FÓRUM- Utilizar os programas que integrarão o Sistema será uma forma de fortalecer a agricultura familiar frente o avanço do agronegócio? Menezes- Nos últimos anos, o agronegócio vem sistematicamente avançando e tirando espaço da agricultura familiar. Com o fortalecimento dos programas que já existem, sobretudo com aumento de recursos orçamentários, e outros programas que venham a ser criados, existirá um fortalecimento da agricultura familiar, para ela poder, de fato, se tornar a principal provedora de alimentos para a população brasileira.