Guedes insiste em falácia de crescimento econômico: "Queda no PIB foi localizada"

Ao blog da Ana Flor, no G1, ministro atribuiu a retração ao impacto da crise hídrica na agricultura e na indústria. PIB recuou 0,1% no terceiro trimestre

Foto: Paulo Guedes (Diário do Centro do Mundo/Reprodução)
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O ministro da Economia, Paulo Guedes, ainda insiste na teoria de que a economia brasileira crescerá neste ano - mesmo que falte um mês para terminar 2021.

Após divulgação nesta quinta-feira (2) de que o Produto Interno Bruto (PIB) teve diminuição de 0,1% no terceiro trimestre, Guedes afirmou ao blog da Ana Flor, no G1, que a queda foi "localizada". Segundo ele, o grande culpado é o impacto da crise hídrica na agricultura e na indústria.

“A agricultura caiu 8%, mas setor de serviços, por exemplo, se recuperou. Foi uma queda localizada”, disse o ministro. “Falar em crescimento é falar em investimento”, continuou, ressaltando que a taxa de investimento na economia está em quase 20%, “ponto mais alto desde o 3º trimestre de 2014”.

"Recuperação em V" da economia

Com a segunda queda trimestral no PIB – no segundo trimestre também houve recuo de 0,1% -, o Brasil entra em recessão técnica, enquanto a maioria dos países do mundo retomam o crescimento após a atenuação da pandemia do coronavírus.

A recessão técnica é quando um país acumula queda no PIB por dois trimestres seguidos. No primeiro trimestre de 2021, houve um crescimento de 1,2%, o que fez Guedes anunciar a “retomada em V” da economia.

Mesmo com os números do segundo trimestre mostrando o contrário, o ministro da Economia insistiu na tese.

“Diziam que eu estava em universo paralelo quando eu dizia que Brasil ia voltar em V. (…) A economia voltou em V, estamos crescendo novamente. Hoje saiu um dado [PIB], é praticamente de lado. Como foi -0,05%, arredondou para -0,1%. Se fosse -0,04% era zero”, disse em setembro, após divulgação dos dados.

Ministério da Economia culpa "fatores climáticos adversos"

Tentando tirar sua parcela de responsabilidade pela crise, o Ministério da Economia publicou nota defendendo que “fatores climáticos adversos” pesaram na queda do PIB.

"É fundamental distinguir o que é política econômica de fatores climáticos adversos e pontuais da natureza. A maior crise hídrica em 90 anos de história e a ocorrência de severas geadas tiveram impacto tanto em setores intensivos em energia como em setores que dependem do clima, como agricultura", diz.

“A queda de 8% da agropecuária na margem produziu impacto de -0,5 p.p. do PIB no 3T21 contra o trimestre imediatamente anterior. Se fosse zerada a variação da agropecuária na margem, o PIB cresceria na ordem de 0,3% a 0,4% no 3T21 em relação a 2T21”, afirma no comunicado.