Lula foi traído por alguém próximo a ele para a Lava Jato. A revelação foi feita por Walter Delgatti, o hacker de Araraquara, em entrevista exclusiva a Joaquim de Carvalho, no Brasil 247, nesta terça-feira (16).
Delgatti hackeou as conversas de integrantes da Força-Tarefa da Lava Jato no Telegram. Parte delas foi publicada pelo The Intercept Brasil, na série de reportagens que ficou conhecida como Vaza Jato. Mas ele destacou um trecho que não foi vazado ainda.
“Existe uma conversa lá que é bem impactante. Eu não vou dar detalhes, mas existe um líder, uma pessoa no caso, que é do PT, que está junto com o Lula e que traiu o Lula”, afirmou ele na entrevista.
“É uma pessoa muito importante”, continuou o rapaz. “Inclusive hoje eu noto que o Lula se distanciou um pouco dessa pessoa”, disse Delgatti.
“Essa pessoa acabou conversando com o Deltan e acabou de certa forma traindo o Lula”, afirmou. Deltan Dallagnol era o chefe da força-tarefa da Lava Jato de Curitiba.
Delgatti afirma ainda que a Lava Jato tinha como método acuar as pessoas. “Essa pessoa acabou um pouco que sendo acuada e fazendo um ato que prejudicou o Lula e beneficiou a Lava Jato”, disse ele.
Delgatti esclareceu que não foi uma fala, mas sim um ato cometido pela pessoa que prejudicou Lula. “Foi um ato que ela fez. Era uma pessoa que tinha à época... Era um agente de estado. Não posso dar mais detalhes sobre isso”, disse.
Carvalho questionou se essa pessoa integrava no governo de Dilma Rousseff (PT) e o “hacker de Araraquara” confirmou. “Mas isso sem dúvida vai vir à tona, é uma questão de tempo.”
Decepcionado
Delgatti repassou o material que tinha interceptado ao jornalista Gleen Greenwald, do The Intercept Brasil. Na entrevista, ele revelou que esperava mais da série de reportagens.
“Me senti um pouco decepcionado", disse ele, por Glenn ter publicado apenas pequena parte do que ele obteve. Para ele, o jornalista pode ter se sentido acuado e, por isso, divulgou muito pouco do que há de conversas entre procuradores.
Ele conta que, antes de ler os diálogos entre os procuradores, ele mesmo admirava a Lava Jato. Mas, depois que viu, decidiu divulgar, por ter se sentido enganado ao constatar os métodos usados pela força-tarefa.
Delgatti conta que o inquérito que apura o vazamento e que o levou à prisão impôs diversas restrições em sua vida. "Hoje não tenho acesso à internet, não posso trabalhar nem de Uber. Não posso ir a uma entrevista de emprego, porque estou com uma tornozeleira. Não posso estudar porque as aulas estão a distância", afirmou sobre a situação de dificuldade em que está vivendo, apenas com a aposentadoria de sua avó, com quem mora.
A entrevista está no YouTube.