Haddad expõe contradições de militares bolsonaristas: "O Exército é a antítese da milícia"

Petista voltou a chamar Bolsonaro de aberração: "Já imaginou um ditador desse nível?"

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Fernando Haddad (PT) afirmou nesta quarta-feira (20) que o apoio de militares ao presidente Jair Bolsonaro, por ele ser ligado a milícias, é incompatível com a história e as funções das Forças Armadas. Em entrevista para Ingrid Gerolimich, no Fórum Debate, Haddad também disse que Bolsonaro é uma ameaça para a democracia e uma "aberração na Presidência da República".

"O Bolsonaro, a ligação dele com as milícias é histórica. A mílicia é a única organização que é proibida pela Constituição. A Constituição não tolera a formação de grupos paramilitares. O que me causa espanto é o Exército ser complacente com isto", afirmou Haddad.

"É um absurdo porque o Exército é a antítese da milícia. O Exército é o monopólio do uso legítimo da violência em relação ao inimigo externo e a segurança pública é o monopólio do uso da violência legítima internamente. Ou seja, precisa ser muito ignorante para apoiar a milícia", explicou, destacando ainda que se referia apenas aos bolsonaristas.

"Quando eu digo Exército, falo de quem é do Exército e apoia o Bolsonaro. Eu não acredito que a corporação em si seja bolsonarista ou mesmo apoie um regime de força no Brasil."

Haddad também argumentou que a pandemia tornou mais evidente o despreparo de Bolsonaro para comandar o país e discutiu os riscos do bolsonarismo para a democracia.

"Eu creio que o Bolsonaro vai entrar para os livros de história universal, infelizmente, como um contra-exemplo do que uma democracia deturpada, manipulada e desinformada pode gerar em termos de aberração. Ele é uma aberração na Presidência da República”, disse.

Segundo Haddad, três grupos principais sustentam hoje o presidente: pessoas que "são contra a democracia e prefere estar sob o autoritarismo" e enxergam em Bolsonaro uma oportunidade de fechamento do regime, pessoas que "têm a sua boa fé religiosa explorada" por Bolsonaro em nome de um projeto de poder pessoal dele e o mercado financeiro, "que quer comprar barato o que sobrou do patrimônio público".

"Bolsonaro nunca escondeu que o objetivo dele é aniquilar fisicamente a oposição e reinar absoluto. Imagine alguém com nível dele de esclarecimento com poderes absolutos o que que isso aqui ia virar. Peço para as pessoas, encarecidamente, que parem para pensar. A democracia, quando ela erra, em quatro anos, ela se corrige. Você já imaginou um ditador do nível do Bolsonaro?", declarou Haddad.