Em manifestação encaminhada à Polícia Federal no último dia 27, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, assegura que o presidente Jair Bolsonaro não teve “óbices ou embaraços” em 2019 e em 2020 para mexer na equipe que faz sua segurança pessoal. Ele também confirmou a realização de pelo menos uma troca na equipe, antes da reunião ministerial de 22 de abril.
As informações contrariam o que dizem Bolsonaro e a Advocacia Geral da União sobre as falas da reunião, centrais no inquérito que investiga a interferência indevida do presidente da PF. No encontro, Bolsonaro ameaçou interferir em órgãos de inteligência e disse que já tentou “trocar gente da segurança nossa no Rio de Janeiro oficialmente” e não conseguiu.
Na ocasião, Bolsonaro ressaltou que trocaria até o ministro para implementar as mudanças que desejava, sem dar detalhes. “Eu não vou esperar foder minha família toda de sacanagem, ou amigo meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence à estrutura”, disse o presidente.
Bolsonaro e a AGU têm alegado que as falam são sobre a segurança de familiares e amigos, não sobre a Polícia Federal. A segurança presidencial é atribuição do GSI.
O ex-ministro da Justiça Sergio Moro, porém, afirma que as declarações de Bolsonaro são sobre a PF e que o presidente buscava blindar familiares e aliados de investigações em andamento.