Igreja Universal relança livro que trata religiões afro-brasileiras como "demoníacas"

Uma petição online contra o livro "Orixás, Caboclos e Guias: Deuses ou Demônios?", relançado na última sexta-feira (2), já conta com mais de 20 mil assinaturas; obra de teor preconceituoso, que já vendeu mais de 3 milhões de exemplares em todo o mundo, é alvo de uma ação do MPF que está parada na Justiça Federal

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A Igreja Universal, maior instituição evangélica do Brasil, relançou na última sexta-feira (2) o polêmico livro "Orixás, Caboclos e Guias: Deuses ou Demônios?", do bispo Edir Macedo, fundador da igreja. Lançado pela primeira vez em 1997 e relançado em 2005, a obra, criticada por seu teor preconceituoso ao classificar religiões de matriz africana como "seitas demoníacas", já vendeu mais de 3 milhões de exemplares em todo o mundo. O novo relançamento do livro teve reação imediata. Entidades ligadas às religiões de matriz afro, junto a representantes da sociedade civil, criaram uma petição online para barrar a venda e distruibuição da nova edição da obra. Para assinar, clique aqui. "Nós, pessoas e entidades que acreditamos na defesa dos direitos religiosos dos Povos de Terreiro subscrevemos este documento, a fim de requerer intervenção, na condição de assistentes, em ação civil pública que versa sobre a suspensão da venda ou qualquer forma de circulação do livro 'Orixás, Caboclos e Guias: Deuses ou Demônios?', do bispo e fundador da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd), Edir Macedo", diz a petição, já assinada por mais de 30 mil pessoas, que traz ainda, de forma detalhada, o histórico judicial que envolve o livro. Em 2005, em virtude do primeiro relançamento, o Ministério Público Federal da Bahia ajuizou uma ação civil pública na Justiça Federal do estado . À época, os argumentos utilizados pelos Procuradores da República, Sidney Madruga e Cláudio Gusmão, davam conta de que a obra, além de preconceituosa e discriminatória, “dedica quase que a totalidade de suas páginas a promover ofensas às religiões afro-brasileiras”.Segundo o MPF, trechos da publicação tratam as religiões de origem africana como “seitas demoníacas”, “modo pelo qual o demônio age na Terra” ou “canais de atuação dos demônios”. Nos autos, os procuradores afirmam que o bispo responsabiliza a Umbanda, o Candomblé e a Quimbanda “pela destruição do ser humano” e pelo uso de entorpecentes.contra a Igreja Universal. A ação, após recursos de apelação, no entanto, encontra-se parada há mais de 14 anos. Na petição, as entidades e sociedade civil pedem para que o relançamento do livro seja suspenso, já que não há uma definição final da Justiça sobre o caso. A nova tiragem do livro, de acordo com a Igreja Universal, é de 800 mil exemplares e, já no lançamento, mobilizou cerca de 980 mil pessoas em eventos realizados em templos da instituição espalhados pelo Brasil.