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“As medidas econômicas que colocaram o Chile à frente de seus vizinhos foram impostas em um contexto autoritário pelo general Augusto Pinochet. 'A sabedoria dos governos democráticos foi reconhecer a qualidade da política econômica da ditadura e conservá-la', disse a VEJA o ministro das Relações Exteriores, Alejandro Foxley”.
É dessa maneira, destacando uma exaltação do regime militar chileno, que uma matéria da revista Veja de 2008 tentava elencar o país andino como uma promessa da economia. O texto informava que se permanecesse naquele ritmo crescimento, encampando políticas neoliberais herdadas da era Pinochet, o Chile conseguiria entrar para o grupo de países desenvolvidos.
A reportagem dizia que a renda de uma família chilena era quatro vezes maior do que a de uma família brasileira, e que as pessoas da classe C no Chile, se morassem no Brasil, fariam parte das classes A e B.
Passados onze anos após a publicação da matéria, o cenário no país comandado por Sebastián Piñera é bem diferente. Há mais de uma semana que um verdadeiro levante popular tomou conta do país em meio a um estado de exceção que impôs toques de recolher e uma intensa repressão policial.
A principal causa da ebulição social chilena é grande desigualdade social que existe no país, alicerçada através de retirada de direitos, privatizações e políticas econômicas neoliberais. Assim como no Brasil, 1% da população detêm mais de 25% de renda. Além disso, a previdência do país não cobre a aposentadoria das pessoas mais velhas, o que faz do Chile uma das nações com o maior índice de suicídios entre idosos.