Impeachment contra presidente do Paraguai será apresentado nesta terça; caso envolve clã Bolsonaro, entenda

Pedido de impeachment contra Abdo e seu vice, Hugo Velázquez, motivado por suposto beneficiamento de empresa ligada à família Bolsonaro em acordo de Itaipu, deve começar a tramitar no Congresso paraguaio

Mario Abdo, presidente do Paraguai, e Bolsonaro (Foto: Allan Santos/PR)
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Deputados da oposição ao presidente do Paraguai, o conservador Mario Abdo, confirmaram nesta segunda-feira (5) que vão mesmo apresentar pedido de impeachment contra Abdo e seu vice, Hugo Velázquez, por conta do caso que envolve suposto beneficiamento de empresa ligada à família Bolsonaro em acordo de Itaipu. O chamado juízo político deve começar a tramitar na terça-feira (6). Inscreva-se no nosso Canal do YouTube, ative o sininho e passe a assistir ao nosso conteúdo exclusivo O deputado Jorge Ávalos Mariño, do Partido Liberal Radical Autêntico (PLRA), confirmou ao jornal ABC Color que a oposição está decidida a mover o processo contra o presidente da República mesmo sem ter, por enquanto, os votos necessários para derrubar Abdo. Efraín Alegre, líder do PLRA e candidato à presidência derrotado em 2018, confirm0u em seu Twitter que estão sendo colhidas assinaturas para dar entrada no processo. https://twitter.com/EfrainAlegre/status/1158420042717024257 A grande dúvida sobre o processo de impechament é a posição do movimento Honra Colorada, um racha do Partido Colorado, de Abdo, comandada pelo ex-presidente Horácio Cartes. Cartes e Abdo teriam feito um acerto após Brasil e Paraguai terem cancelado o polêmico contrato de Itaipu. O governo de Jair Bolsonaro considera o possível impeachment um "golpe" e pretende proteger o aliado. Envolvimento com os Bolsonaro A posição do governo brasileiro não surpreendeu os paraguaios, afinal, a família Bolsonaro é apontada como beneficiária do acordo que gerou a grave crise política no país vizinho. Segundo a imprensa local, um representante do governo teria manobrado uma modificação no novo contrato de Itaipu com o objetivo de beneficiar a empresa Léros, ligada ao clã. O empresário Alexandre Giordano, suplente do senador Major Olímpio (PSL-SP), foi apontado pelo advogado paraguaio José “Joselo” Rodríguez González - um dos envolvidos no escândalo - como o intermediário brasileiro do esquema. Ele, no entanto, afirmou que não conhece “ninguém do Paraguai” nem da família Bolsonaro. As versões que circulam sobre o caso são contraditórias. Três figuras tidas como centrais nesse caso, Joselo, o vice-presidente Hugo Velázquez – quem teria colocado o advogado nas tratativas – e Giordano, contam histórias distintas, abrindo margem para muita especulação. Repercussão no Brasil O caso, que ainda não teve grande repercussão no Brasil, já fez o diretor da estatal elétrica paraguaia Ande, Pedro Ferreira, o ministro das Relações Exteriores, Luis Castiglioni, e outras duas autoridades do país vizinho pediram renúncia. O Senado brasileiro pode começar a investigar a questão por meio Comissão de Relações Exteriores do Senado. Fernando Haddad comentou sobre o caso em seu Twitter no domingo (4), alertando para o fato do clã Bolsonaro estar "pensando grande" e fazendo o uso do aparato estatal para beneficiar-se. “Negócios de família: Gostaria de estar errado, mas a indicação de Eduardo para a embaixada americana e as tratativas sobre Itaipu indicam que o clã começa a pensar grande em termos de economia doméstica”, disse Haddad.