Indígenas ocupam prédio da Prefeitura de SP em protesto contra cortes na Saúde

O grupo de índios guarani da T.I. Jaraguá espera ser recebido pelo prefeito Bruno Covas: “Estamos aqui e não voltaremos para nossa comunidade sem o nosso direito reconquistado”, diz manifesto

Fotos e vídeo: Divulgação
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Um grupo de índios guarani, da aldeia Jaraguá, ocupa a sede da prefeitura de São Paulo, desde a manhã desta quarta-feira (27), no Viaduto do Chá, no Centro, em protesto contra o corte no pagamento de funcionários que prestam serviços de Saúde nas aldeias, cortes em convênios, falta de medicamentos, transportes e vacinas.

Alguns indígenas foram atingidos por gás lacrimogêneo e outros foram retirados à força pela Guarda Civil Metropolitana, que agiu com truculência.

O grupo chegou por volta das 9 horas. Eles dançaram e cantaram em frente ao prédio antes de ingressarem na sede da prefeitura.

Os indígenas divulgaram neta quinta-feira (28) um manifesto sobre suas reivindicações. Vejam abaixo o documento: Manifesto Guarani Saúde Indígena Nós, Guarani da T.I. Jaraguá, estamos na Prefeitura do Município de São Paulo, desde o dia de ontem, 27 de março, em defesa da saúde indígena. Viemos exigir que o prefeito nos receba e dialogue com as nossas lideranças, caciques, líderes espirituais, mulheres e crianças que vieram da comunidade. Estamos em aproximadamente 300 indígenas, entre estes 300 indígenas, 45 guerreiros e guerreiras dispostos a defender a comunidade. Ontem o prefeito de São Paulo, Bruno Covas, disse que nos atenderia e não nos atendeu, passamos a noite aqui entre crianças, mulheres grávidas e idosos, no frio, ao relento, pois o prefeito estabeleceu um prazo de nos atender até 3ª feira da semana que vem. Sabemos que o prefeito poderia ter nos atendido e conversado para que pudéssemos voltar para nossa aldeia, e contrário a isso adotou uma postura de total desrespeito com nosso povo, assim fomos destratados. Portanto, nós, guerreiros e guerreiras da T.I. Jaraguá, estamos aqui baixando as bandeiras hasteadas na Prefeitura de São Paulo, a meio mastro, simbolizando o luto da nossa vinda até aqui. O juruá (homem branco) não entende a nossa dor, não respeita nosso lamento. O prefeito de São Paulo nos deu as costas sem nenhum parecer para nossa comunidade, por isso, estamos dispostos a derramar nosso sangue aqui para que essa morte não chegue à nossa aldeia. Todos os guerreiros e guerreiras estão dispostos a entregar a própria vida pelo bem da saúde da comunidade. Nós Guarani, da T.I. Jaraguá, iremos enfrentar o que for preciso em defesa da nossa comunidade. Chega de genocídio indígena, chega de morte das nossas crianças na T.I. Jaraguá, basta de opressão por parte do juruá. Até o último guerreiro iremos resistir. Estamos dispostos a entregar nossas vidas e assim faremos, porque não existe honra àquele que é covarde, que é mentiroso, que oprime, que é autoritário e despreza o mais fraco. O prefeito, na condição de pai da cidade de São Paulo, deveria respeitar o povo Guarani, o último remanescente dessa cidade, como povo originário, mas nos está dando as costas. Estamos aqui e não voltaremos para nossa comunidade sem o nosso direito reconquistado, exigimos esta audiência e vamos enfrentar qualquer investida da Prefeitura de São Paulo que, como fez ontem, deu ordem de ataque, contra nossas guerreiras e nossos guerreiros, fomos atacados com tiro de bala de borracha, spray de pimenta e cassetetes, atitudes altamente truculentas, mesmo assim resistimos e permanecemos aqui. Hoje, estamos dispostos a derramar o nosso sangue, vai haver um banho de sangue em São Paulo e o prefeito de São Paulo, Bruno Covas, será o responsável por todos os Guarani que estão dispostos a deixar suas vidas aqui. Será um marco de uma luta histórica e não sairemos enquanto não tivermos uma resolução positiva em relação a saúde indígena. Aguyjevete a todo povo de luta, o povo Guarani em luto está em luta e nós resistiremos, ha’evete! Assistam ao vídeo: https://youtu.be/4xhCUxckMkc Nossa sucursal em Brasília já está em ação. A Fórum é o primeiro veículo a contratar jornalistas a partir de financiamento coletivo. E para continuar o trabalho precisamos do seu apoio. Saiba mais.