Intervenção de Bolsonaro na PF faz delegados se voltarem contra Moro

A postura do humilhado ministro Sérgio Moro, de baixar a cabeça para a tentativa de interferência de Jair Bolsonaro na PF, tem irritado até mesmo delegados de alto escalão, que esperavam uma defesa enérgica da corporação

Foto: Carolina Antunes/PR
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A tentativa de Jair Bolsonaro de emplacar um nome na Superintendência da Polícia Federal tem gerado fortes atritos entre o governo e a PF. Agora, além do presidente, o ministro da Justiça, Sérgio Moro, tem sido alvo de críticas de delegados que apontam complacência por parte do ex-juiz com a atitude intervencionista do presidente da República no órgão. Moro, que chegou com status de "superministro", está em uma situação delicada no governo e tem passado por uma série de humilhações por parte de Bolsonaro. Segundo reportagem de Jailton de Carvalho, de O Globo, nos últimos dias, integrantes da Polícia Federal começaram a fazer, discretamente, críticas à posição de Moro em meio à tentativa Bolsonaro de escolher o Superintendente da PF no Rio de Janeiro. O diretor da PF, Maurício Valeixo, já ameaçou deixar o posto caso a interferência se confirme.

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Delegados de alto escalão se juntaram a sindicalistas e têm se queixado do silêncio do ministro, que baixa a cabeça para as intenções de Bolsonaro. Todos esperavam uma defesa enérgica e imediata da PF, o que não ocorreu. Moro chegou a defender Valeixo, mas a demora não agradou os policiais. "Alguns policiais queriam que ele [Moro] fosse mais incisivo na defesa da PF", disse um delegado ao O Globo. Alguns integrantes da PF se somaram a Valeixo e anunciaram que podem pedir demissão em retaliação ao governo Bolsonaro, caso o diretor siga por esse caminho. Apesar das críticas a Moro, há quem enxergue que essa tentativa de interferência seja apenas uma forma de Bolsonaro atacar o prestígio do ministro da Justiça e humilhá-lo ainda mais. O ex-juiz federal aparece em pesquisas de opinião com uma popularidade maior do que a do presidente.