Ipea: 4,25 milhões de lares viveram só com auxílio emergencial em agosto

Em todos os estados do Nordeste, fatia dos que receberam apenas o benefício, que será cortado pela metade, fica acima da média do país, o que pode explicar o recuo de Bolsonaro para a criação do Renda Cidadã

Fila em agência da Caixa Econômica Federal na avenida Paulista, em SP, para retirar auxílio emergencial (Foto Roberto Parizotti/FotosPublicas)
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Cerca de 4,25 milhões de domicílios brasileiros sobreviveram, em agosto, apenas com a renda do auxílio emergencial de R$ 600, pago a quem perdeu renda com a pandemia do novo coronavírus. O dado consta em estudo do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) divulgado nesta terça-feira (29).

A pesquisa mostra que o benefício foi responsável pelo único sustento de 6,2% dos lares do país. E, a partir deste mês, ele será cortado para R$ 300 mensais.

O pagamento do auxílio foi fundamental para a melhora de avaliação do governo Bolsonaro segundo levantamentos de vários institutos, inclusive a Pesquisa Fórum. Sua aprovação cresceu inclusive no Nordeste, onde ele perdeu as eleições de 2018 para o candidato petista Fernando Haddad.

E essa relação da melhora na popularidade no Nordeste e pagamento de auxílio pode ser explicada em parte também pela maior dependência que os domicílios da região têm do benefício. Em todos os nove estados nordestinos e em mais cinco da região Norte, a proporção de famílias que sobreviveram em agosto apenas com os R$ 600 ficou acima da média de 6,2% do país. Em oito estados, a proporção superou os 10%. São eles: Piauí (13,75%), Bahia (13,61%), Maranhão (12,87%), Amapá (12,44%), Alagoas (11,64%), Sergipe (10,97%), Ceará (10,93%) e Paraíba (10,1%).

Esses dados devem ter acendido alerta no governo e podem explicar, em parte, o recuo de Bolsonaro em relação a criar um programa de transferência de renda para chamar de seu.

O recuo

Até duas semanas atrás, essa iniciativa era chamada de Renda Brasil. A equipe econômica estudava extinguir ou reduzir outros benefícios sociais para ter verba para a criação do programa. No entanto, diante da repercussão negativa dessas notícias, o capitão reformado disse em vídeo que a expressão Renda Brasil estava vetada em seu governo. E que seguiria com o Bolsa Família até o final de seu mandato, em 2022.

Mas no dia seguinte o senador Márcio Bittar (MDB-AC) divulgou em suas redes sociais que tinha sido autorizado pelo titular do Planalto a incluir um programa de assistência social no orçamento. Bittar é o relator do projeto de Orçamento no Congresso.

Rebatizado de Renda Cidadã, o programa foi anunciado nesta segunda-feira (28).

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