JN aponta riscos da cloroquina depois de nova defesa de Bolsonaro

Telejornal da Globo reuniu especialistas para abordar efeitos colaterais fatais da substância e falta de estudos robustos sobre sua eficácia no tratamento do coronavírus

Foto: Reprodução/TV Globo
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O Jornal Nacional desta quarta-feira (8) rebateu mais uma defesa pública da cloroquina de Jair Bolsonaro. Em pronunciamento em cadeia nacional de rádio e televisão, o presidente voltou a defender o uso amplo da substância no combate ao coronavírus e anunciou a adoção de medidas neste sentido.

“Como você viu, o presidente defendeu o uso da cloroquina, mas, na comunidade cientifica não há consenso sobre o assunto”, afirmou a apresentadora Renata Vasconcelos. Foi a deixa para a entrada de um longa reportagem sobre a falta de dados que comprovem a eficácia da substância no tratamento da covid-19, bem como os riscos de efeitos colaterais fatais.

O material começa mostrando que Organização Mundial de Saúde vê com cautela a utilização do medicamento. Na sequência, destaca que o próprio Ministério da Saúde ainda não recomenda o uso indiscriminado, mas apenas para casos graves e exibe o alerta de um técnico do ministério para o risco da cloroquina ou a hidroxicloroquina causarem arritmias cardíacas.

“Será que vale a pena dar esse remédio para 80% das pessoas, sendo que tem o risco dessas reações? Vale a pena dar para pacientes quando ainda não se sabe se eles têm coronavírus?”, disse o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, em trecho da reportagem. Ele recomenda o uso apenas para casos graves e em pacientes de idade mais elevada.

A reportagem mostra também que o CDC, centro de controle de doenças dos EUA, responsável pelo combate à pandemia no país, deixou de recomendar a substância e afirma agora que está em fase de testes.

Por fim, o material apresenta ainda o depoimento de três especialistas que criticam duramente médicos e virologistas que defendem o uso da cloroquina, uma vez que ainda não existem estudos e resultados robustos que comprovem o seu sucesso: "trocam ciência por suposição".