JN mostra reação de juristas e políticos contra fala de líder do governo por nova Constituição

Ex-presidente do STF chamou ideia de golpe: “Não se muda ao sabor da vontade das pessoas”, disse Carlos Veloso

Jornal Nacional. Foto: Reprodução/TV Globo
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O Jornal Nacional, da TV Globo, exibiu nesta segunda-feira (26) reportagem com a repercussão contra a fala do líder do governo Bolsonaro na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), que defendeu a convocação de um plebiscito para decidir se o país deve fazer nova Assembleia Constituinte. Barros usou o plebiscito ocorrido no Chile no final de semana para basear sua fala.

Antes de mostrar a repercussão, o âncora do telejornal, William Bonner, lembrou que, ao contrário do Chile, que manteve a Carta Magna aprovada durante a ditadura de Augusto Pinochet, no Brasil a Assembleia  Nacional Constituinte foi chamada exatamente depois de encerrada a ditadura.

E a fala de Barros não foi bem recebida em meio a juristas e políticos. A começar do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que nasceu no Chile, mas é brasileiro. O deputado disse que, diferentemente do país vizinho, por aqui o marco final do processo de redemocratização foi a Constituição de  1988. “Não podemos misturar a história de Chile e Brasil, a transição democrática aqui foi pela Constituinte”, afirmou. Para ele, os problemas do país devem ser contornados por emendas à Carta Magna, e não por uma nova redação dela.

Mais assertivo foi Carlos Veloso, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), para quem a defesa de uma nova assembleia constituinte é um golpe de Estado, segundo declarou ao teelejornal. “Não se muda a Constituição ao sabor da vontade das pessoas, ela foi feita para durar”, afirmou.

Outro ex-presidente da Corte, Ayres Brito negou que a Carta torne o país “ingovernável”, como alegou o líder de Bolsonaro. “Se bem entendida, interpretada e aplicada,  ela conduzirá o Brasil ao melhor dos destinos: democrático, humanista”, disse.

Atuais ministros

Luís Carlos Barroso, ministro do STF, defendeu a Constituição atual. “Temos no Brasil uma democracia bastante resiliente, que vive sob a Constituição de 1988”, afirmou. “Tivemos momentos difíceis na vida brasileira, mas até hoje ninguém cogitou solução aos problemas que não fosse o respeito à Constituição.”

O jornal também mostrou a publicação do ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas, em uma rede social. “Tenho visto gente no Brasil tentando pegar carona no plebiscito chileno para reabrir o debate sobre uma nova Constituição por aqui. Estudar um pouco de história e entender a transição democrática deles e a nossa seria útil. Só para começar”, escreveu ele.