Jornal Nacional denuncia milícia paga por Crivella para atacar jornalistas

Os "Guardiões de Crivella" seriam pagos com dinheiro público para impedir reportagens da TV Globo, xingando a emissora e gritando em favor de Bolsonaro

Reprodução/TV Globo
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O Jornal Nacional, da TV Globo, desta segunda-feira (31), expôs um grupo denominado "Guardiões do Crivella", formado por assessores especiais da Prefeitura, que tem como objetivo impedir reportagens da emissora contra o prefeito do Rio de Janeiro.

"Funcionários da Prefeitura do Rio de Janeiro estão impedindo o trabalho da imprensa e calando cidadãos que têm queixas sobre o serviço público", disse o apresentador William Bonner na abertura da reportagem de Chinima Campos, André Maciel e Paulo Renato Soares.

A matéria, produzida pelo RJ2 e exibida no JN, mostra a atuação de um grupo que grita contra a emissora e a favor do presidente Jair Bolsonaro durante entrevistas e matérias feitas por repórteres em frente aos hospitais do Rio. O grupo ficaria de plantão nas unidades de Saúde para atrapalhar as reportagens.

"Esses ataques não acontecem por acaso, ao contrário, são organizados e, acredite, pelo Poder Público. Os agressores são contratados da Prefeitura. Recebem salários pagos pelo contribuinte para vigiar a porta de hospitais e clínicas para constranger jornalistas e cidadãos que denunciam os problemas na Saúde do município do Rio", reforça Paulo Renato Soares.

A reportagem exibiu alguns dos ataques promovidos pelos assessores e ainda mostra um deles falando "some daqui" para o jornalista quando confrontado sobre a atuação como assessor da Prefeitura.

O JN ainda teve acesso ao grupo de WhatsApp em que eles se organizam. Os agressores montam uma escala de plantões nas unidades de Saúde e "batem ponto" pelo aplicativo. A remuneração dos assessores foi exposta, além de fotos com o prefeito Marcelo Crivella.

O chefe seria Marcos Paulo de Oliveira Luciano, coordenador das campanhas eleitorais do bispo. Em uma das mensagens escritas no grupo, ele dá uma bronca: "gente, muito triste, não derrubamos a matéria. Não pode haver falta nem atraso. Falhamos no Rocha Faria, inaceitável". Em outra, orienta: "se começarem a falar mal é GloboLixo neles".

O prefeito estaria, inclusive, nos grupos, e já teria mandado mensagens de "parabéns" pela atuação contra a imprensa.