Jornalista que perguntou sobre “rachadinha” a Bolsonaro no Acre é demitido pelo prefeito

João Renato era chefe de gabinete da secretaria do Meio Ambiente de Rio Branco. Ele disse que não se arrepende: “estava fazendo o meu trabalho”

Foto: Divulgção
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O jornalista João Renato Jácome, que fez ao presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido) a pergunta sobre a quebra de sigilo do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), foi exonerado pelo prefeito da cidade, Tião Bocalom (PSL), logo após a entrevista. A pergunta provocou o encerramento da coletiva do presidente, na última quarta-feira (24), em Rio Branco,

João Renato era chefe de gabinete da secretaria do Meio Ambiente de Rio Branco, convidado para o cargo pelo atual secretário, o ex-deputado Normando Sales (Democratas). Ele não estava em expediente para o setor público quando aceitou o trabalho freelancer para o jornal O Estado de S.Paulo, que originou a sua demissão.

O próprio prefeito anunciou a exoneração de Jácome, ao ser perguntado pela imprensa. “Já foi exonerado ontem mesmo”, disse Bocalom sobre o jornalista que desagradou Bolsonaro.

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Em entrevista ao DCM, Jácome, de 26 anos, afirmou que ficou surpreso com a demissão e que não se arrependeu de ter feito a pergunta. “Na verdade, eu não consegui fazer a pergunta. Eu até fiquei surpreso e constrangido. Na academia, na graduação, a gente aprende a perguntar e a ser educado. E também de casa vem a minha educação. No final da minha tentativa de pergunta, eu agradeci. Então, não me arrependo, eu estava ali cumprindo meu ofício, fazendo o meu trabalho”, afirmou.

Jácome disse ainda que em nenhum momento quis expor o presidente, ou criar uma situação constrangedora para ele, como autoridade, como pessoa. “Muito pelo contrário, era para esclarecer o sentimento dele, enquanto pai, diante da decisão da Justiça de anular a quebra de sigilo do filho dele. Ele poderia só ter respondido, que foi feito justiça. Mas a justiça para o filho dele se tornou injustiça para a minha família. E a minha família está sofrendo muito, infelizmente”.

O jornalista afirmou que agora vai procurar emprego. “Mas diante dessas circunstâncias, muitas portas já se fecharam para mim, infelizmente. Tenho conta para pagar, estou à beira do casamento, tenho minha mãe comigo. Ela está muito abalada. Mas vamos tocar a vida, vamos trabalhar, estou aberto às oportunidades, sem atacar ninguém, sem perseguir ninguém”.

Com informações da Folha do Acre