Jornalistas da Hungria pedem demissão coletiva após interferência do primeiro-ministro, aliado de Bolsonaro

Equipe do principal jornal do país denuncia interferência do governo de Viktor Orbán, que tem atacado as instituições da democracia em projeto autoritário

Bolsonaro com o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán (Reprodução)
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Em ato de protesto, 80 jornalistas do principal site de notícias privado da Hungria, o Index, pediram demissão coletiva nesta sexta-feira (24). O contigente é quase toda a equipe da publicação, que denuncia interferência do governo populista de direita do primeiro-ministro Viktor Orbán.

Principal aliado de Jair Bolsonaro na Europa, Orbán tem desmantelado a democracia húngara e implantado medidas para a consolidação de um governo autocrático e autoritário desde que foi eleito. Entre outras ações, ele comprometeu a independência do Judiciário, persegue instituições humanitárias e ataca a imprensa, sendo alvo de críticas da União Europeia.

Os jornalistas do Index acusam o governo de interferir na independência editorial do veículo, desde que o controle acionário foi assumido por empresário próximo a Orbán, em março. Desde o final de junho, o jornal vinha publicando em sua página principal na internet um “barômetro digital” em que indicava que sua autonomia estava em perigo.

Na última quarta-feira (22), o editor-chefe do Index, Szabolcs Dull, foi demitido por se recusar a implantar reformas na Redação impostas pelo novo dono e a retirar o barômetro do site. A saída do jornalista deflagrou os protestos internos, com a demissão coletiva, e manifestações externas.

Na tarde desta sexta, milhares marcharam por cerca de cinco quilômetros na capital Budapeste, pela liberdade de imprensa. O protesto convocado pelo partido de oposição Momentum ganhou a adesão de outros partidos, da Associação Nacional de Jornalistas do país (Muósz) e de veículos privados independentes, como o jornal Népszava.