Juíza manda Petrobras restabelecer água e luz no prédio ocupado por trabalhadores

Diretoria da estatal cortou a luz e a água da sede no Rio de Janeiro para tentar expulsar os petroleiros em greve que ocupam o local; Justiça do Trabalho, no entanto, deu decisão favorável aos trabalhadores e empresa deve pagar mais de R$1 milhão em multa pela demora em cumprir a ordem

Trabalhadores ocupam o prédio da Petrobras, que mandou cortar a energia (Reprodução)
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A Justiça do Trabalho concedeu, na noite deste sábado (1), uma decisão favorável aos petroleiros que ocupam, desde a tarde de sexta-feira (31), o prédio da sede da Petrobras no Rio de Janeiro (Edise). Os trabalhadores da empresa deflagraram uma greve nacional à meia noite do sábado, por tempo indeterminado, com o objetivo de fazer com que a Petrobras cumpra os acordos com a categoria e suspenda a demissão de cerca de mil trabalhadores da Fábrica de Fertilizantes do Paraná (Fafen), que vai ser fechada. A ocupação, composta por cinco membros da Comissão Permanente de Negociação da Federação Única dos Petroleiros (FUP), seu deu por conta da falta de diálogo da diretoria da empresa. Para forçar os trabalhadores a saírem do prédio, a Petrobras cortou a água e a energia elétrica do local na tarde de sábado (1). A decisão da juíza do trabalho Rosane Ribeiro Catrib, no entanto, determinou que a empresa suspenda o corte. "Não há dúvida, portanto, que, a despeito de tratarse de um final de semana, a Requerente, ordinariamente, mantém o acesso à água e à luz no prédio sede, e ao proceder ao denunciado corte, altera sua rotina, com o único intuito de inviabilizar a permanência dos dirigentes em suas dependência e, por consequência, cria embaraços ao cumprimento da decisão judicial que garantiu aquela permanência. Caracterizada a conduta antissindical e clara afronta à decisão que indeferiu a liminar, impõe-se sejam mantidas as condições de habitabilidade do prédio seder, com o imediato restabelecimento da luz e da água, em especial nas instalações ocupadas pelos dirigentes sindicais nomeados na presente ação", escreveu a juíza em sua decisão, proferida às 19h39. A magistrada impôs uma multa de R$100 mil por hora à Petrobras em caso de descumprimento da ordem. Como a energia e a luz só foram restabelecidas por volta das 9h deste domingo (2), calcula-se que a empresa tenha que pagar mais de R$1 milhão em multa. De acordo com Tadeu Porto, diretor da FUP e um dos membros da ocupação, a diretoria da empresa segue se recusando a negociar as demandas da categoria. Ele garante que, mesmo diante das medidas para inviabilizar a ocupação, os trabalhadores permanecerão no local até terem suas reivindicações atendidas. "A gente está preparado pra ficar até o fim. Temos mantimento para poder aguentar, pelo menos, mais uma semana", contou à Fórum. Para além da disposição dos trabalhadores que estão na sede da empresa, a expectativa é que na segunda-feira (3), já que é dia útil e a empresa será obrigada a abrir as catracas para os demais funcionários trabalharem, a ocupação receba apoio de outros trabalhadores. Confira aqui a íntegra da entrevista concedida à Fórum pelos trabalhadores diretamente da ocupação do prédio da Petrobras.